Museu da Inconfidência, prédio onde se sediava a antiga Casa da Câmara
e Cadeia, na época da rebelião mineira. Na foto, o "Panteão dos Inconfi- dentes", local onde se encontram os restos mortais dos participantes do movimento da Inconfidência Mineira, repatriados em 1936, por ordem do governo de Getúlio Vargas.
Fonte: http://www.degeo.ufop.br/Portugues/OuroPreto/mi_galer.htm
V - A Dorotéia
Meu coração é um pássaro selvagem,
não cabe na gaiola da poesia:
Importa o meu vestido e que esta aragem
se canta rouxinol ou cotovia
pouco importa. Importa a criadagem.balance e beije a minha burguesia.
hei de fazer que não de versos fúteis,
Sagrados laços prenderão um dia
este enro rebelde. Outra viagemem sossego de vida sossegada.
quão perigosos não conduzem a nada.
Um velho e seus delírios tão inúteisOs agradáveis hão de unir-se aos úteis
Poesia? Deixa eu comer uma cocada.
III - O Alferes
Meu coração é um arsenal de horrores
e dores que atropelam meu país.
Gargalha puta! Zomba, meretriz!
O dia há de chegar dos teus senhores.
Errei onde? Fui eu só que errores
cometi? Eu confesso tudo ao juiz
e hei de morrer sem medo. O povo diz
que é de medo que morrem os desertores.
Mais vale um bom soldado que uma tropa
de covardes; de traidores; fanfarrões.
a cada um lhe cabe sua Termópilas.
Não temo a morte, a vida me dá asco.
Só eu é que garanto os meus colhões?
Então só eu errei. Chamem o carrasco.Ildásio Tavares
Do livro: "IX sonetos da Inconfidência", Lemos Editorial, 1999, SP