Foi-se o tempo em que se dizia
às mulheres, em geral:
— "vá para o tanque, D.Maria,
que é o seu destino final!".
Com o progresso cultural
deixaram o fogão e a pia,
assumindo o papel principal.
Em terra e também nos ares,
navegando em todos os mares,
professoras, executivas, diretoras,
cientistas há aos milhares,
até prefeitas e governadoras
bem como até presidentes,
mulheres de todos os continentes.
Seu sobrenome é trabalho,
dedicação e competência
em vários ramos, por excelência.
Sem jamais perder a ternura,
com afinco e com doçura,
seu nome, hoje e sempre, é Mulher!
Giulia DummontE AGORA, MARIA?
(Paródia ao "José", de Carlos Drummond de Andrade)
E agora, Maria?
O gás acabou
o feijão acabou
o romance terminou.
Os vizinhos se foram
a noite chegou
os filhos têm fome.
E agora, Maria?
Está sem João
está sem carinho
não pode ler
não sabe escrever
a noite esfriou
o dia não veio
a ajuda não veio
a fé terminou
e tudo acabou.
Maria, e agora?
Se você pudesse
se você chamasse
se você gritasse
se você chorasse
se você sumisse...
Nada disso faria,
não é, forte Maria?
Ainda há brilho no olhar
altivez no seu rosto
há forças nas mãos
sentimentos no coração.
Levante, Maria!
Ajeite o cabelo
saia da toca
saia do escuro
saia para a rua
saia para a vida.
Recomece, Maria!
O mundo é grande
há vida lá fora
a esperança está à espera...
Há muito João,
Joaquim e José
precisando de uma Maria.
Vá, agora, Maria,
e seja muito feliz!