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Tomo o tempo para invocar as musas, a fim de apresentar as minhas homenagens à vossa beleza. O vosso rosto é delicado e inspira-me as mais doces emoções.
É claro e límpido como o dia, e esse pequeno ar diabólico e angélico, fica-vos muito bem. Uma maravilha. A vossa boca parece-me um poço inesgotável de delícias, uma fonte de amores possíveis. E é aí precisamente nesse calor que hoje gostaria de me refrescar e encher a minha alma de alegrias sem fim.
Os vossos olhos, claros ou escuros, imitam as belezas do céu e repetem-no em condensado; são a sua luz, a elegância do seu arco, a profundeza e o mistério dos seus horizontes. E logo que fixo o vosso olhar incandescente, sinto-me afogar em vagas diáfanas e azuis.
Este oceano de mistério que é o céu evocado, brilha igualmente, parece-me, no fundo do vosso olhar através de um duplo reflexo de prata. Esses olhos são belos e puros como uma imagem de cisnes brancos. Com essas densas luminosidades do dia sobre o vosso rosto, e contra o vosso pescoço essa cabeleira fluida e luminosa que ondula, e à beira dos lábios o juramento discreto dum primeiro beijo, tomais a meus olhos os traços límpidos e penetrantes das Vênus evocadas nos tempos ancestrais.
Deixai-me imaginar que estou perto. A minha cabeça volta-se então para vós e os meus lábios sacrílegos, à procura de uma felicidade fugaz, aproximam-se dos vossos... Imagino-o não sem emoção. Deixai-me com a esperança que talvez um dia, aqui ou em outro lugar, sob a chuva ou sob as estrelas, por acaso ou por força das nossas vontades, os nossos olhos se encontrarão frente a frente. Deixai-me com a esperança que isso acontecerá, para que pelo menos o sonho triunfe nas nossas vidas.
Para todas vós mulheres, da França com amor.
Joseph Vasques