Duas Almas

Ó tu, que vens de longe... Oh, tu que vens cansada,
Entra, sob este teto encontrarás abrigo.
Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho¹
Vives sozinha sempre, e nunca foste amada!
 
A neve anda a branquar lividamente a estrada.
E a minha alcova tem a tepidez de um ninho.
Entra. Ao menos até que as curvas do caminho
se banhem no esplendor nascente da alvorada...
 
E amanhã, quando a luz do sol dourar, radiosa,
essa estrada sem fim, deserta, imensa e nua,
podes partir de novo, ó nômade formosa.
 
Já não serei tão só; nem serás tão sozinha!
Há de ficar comigo uma saudade tua...
Hás de levar contigo uma saudade minha!...

                                                                     Alceu Wamosy


 

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