SACIEDADE DOS POETAS VIVOS DIGITAL - VOL. 13

Sidnei Olivio

SIDNEI OLIVIO - Nasceu em São José do Rio Preto, SP. Graduado em Ciências com Habilitação em Biologia e com Especialização em Biologia Geral, tenta unir natureza e poesia. É autor de um livro de poesia “O limite da razão”, 2011, HN Editora Publieditorial e de outros dois livros editado em co-autoria “Zoopoesias”, 1999, Ed. Rio-pretense e “Poesia Animal”, 2003, Ed. Sterna, além de um livro de contos, no qual também figura como coautor, Mutações, 2002, Ed. Scortecci. Participou ainda em mais quinze livros de coletânea, sendo os principais: Leituras de Brasil, 2001, Ed. da UNESP e Petali d'Infinito, Accademia Internazionale Il Convivio, Itália, 2002.  Integrou o rol de poetas em “Saciedade dos Poetas Vivos” nº 7, 2008 e na de nº 12, 2011.
Blogs: http://peloapelodapena.blogspot.com/
             http://proseares@blogspot.com/
             http://regnanaturae.blogspot.com/
Contatos: olivio@ibilce.unesp.br

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           O espólio da evolução

No mínimo, obtuso

Naufrágio

     

           Semeando nos campos do Senhor

Gaia

Nenhum lugar

 

no mínimo, obtuso

o chicote estala
enquanto a carroça
lentamente escala
o aclive da rua – urbana roça.

cena obtusa no centro
de uma cidade burguesa
onde trafegam automóveis automáticos –
máquinas velozes
tecnologia do terceiro milênio
invenção do homem
que desinventou a igualdade
da própria espécie.

a cena se desenrola como num filme antigo
passado em slow motion.
o chicote estala
das mãos de um velho carroceiro
como um ato contínuo
um tique nervoso
um bumbo de cadência dos navios negreiros.
na ponta o exausto pangaré
segue a jornada
sem nada sentir no lombo
calejado pelas longas chicotadas.

os errantes(?) passantes observam
cheios de piedade hipócrita
o esforço senil da criatura enrugada.
empresários reforçam
pelo cruel exemplo
a fé no trabalho dos empregados.
a igreja faz coro e reza missa
afirmando aos crédulos infelizes
o reino dos céus
pela sina facínora do trabalho escravo.

o cavalo
sem reconhecer qualquer sentido
rumina à noite a liberdade
o paraíso dos seus ancestrais
antes do homem perder o paraíso.

Sidnei Olivio
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Sidnei Olivio

 
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