PANORAMA DA PROSA BRASILEIRA
CONTEMPORÂNEA - VOL. 1

PAOLA RHODEN – Nasceu no Estado do Paraná, Brasil, e foi por necessidade do trabalho que morou em diversas cidades brasileiras. Colecionou diplomas e certificados que lhe capacitaram a exercer os cargos de sobrevivência. Mas o verdadeiro aprendizado obteve no convívio entre pessoas das mais diversas culturas, as quais lhe ensinaram muito mais com suas experiências do que os bancos escolares lhe possam ter transmitido. Essa sabedoria obtida no dia a dia, ela coloca nas páginas que escreve. Foi premiada em vários concursos literários, tendo alguns textos publicados em antologias. Editou dois livros, Caminhos Sem Volta e Dezessete Anos, ambos romances, tendo por base a vivência de pessoas que lhe cruzaram o caminho. Paola reside atualmente em Brasília.

Site: http://www.paolarhoden.com

Contatos: paola.rhoden@terra.com.br
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Paola Rhoden



          Paola Rhoden Uma luz na janela

Paola Rhoden A juventude e a velhice

Paola Rhoden Homem nenhum é maior


A JUVENTUDE E A VELHICE

        Entrei na loja de novidades e presentes naquela manhã fria e chuvosa, característica da região em algumas épocas do ano. Enquanto olhava os artigos expostos nas prateleiras, todos rigorosamente arrumados por tipo e qualidade, notei que uma senhora já com os anos bem adiantados, tentava chamar a atenção da vendedora no outro lado da loja. Continuei a olhar os objetos expostos, pois procurava uma caderneta de notas, com certo desenho na capa que minha filha de 10 anos se apaixonara ao ver a de uma amiga. E a senhora continuava a fazer ruídos com os dedos no balcão: toc, toc, toc, e nada da moça do outro lado da loja lhe dar atenção. De repente a senhora, já um pouco nervosa, falou alto:
          – Moça! Quero pagar o lenço que peguei!
          E a moça veio então com ar arrogante e mal educado:
          – São dez reais – falou com maus modos.
          – Estou há vários minutos tentando chamar sua atenção, e você nem sequer olhou, quanto mais vir me atender – disse a senhora.
          – Se quiser levar, pague e leve, mas deixe de perturbar! – falou irritada a balconista.
          A senhora então pagou o lenço e saiu, com a cabeça baixa e sem jeito.
          E a moça falou alto:
          – Não suporto esses velhos chatos! Chegam a cheirar mal!
          Com o coração penalizado, olhei em direção a senhora que saía da loja e pensei que hoje em dia, são poucas as pessoas que tem respeito por pessoas de idade. Os jovens pensam que sua paixão pela vida os tornarão imunes ao tempo e que nunca envelhecerão. Acham que sua juventude é eterna, e assim pensando, tratam com o maior desrespeito àqueles que foram jovens como eles, mas que o passar do tempo lhes branqueou os cabelos.
          Será que os idosos incomodam tanto por viverem? Será que o mundo não está andando porque nascemos, vivemos, envelhecemos e morremos?
          A juventude de hoje deveria entender, que estão caminhando para o mesmo patamar onde os idosos de hoje estão, e que com certeza sentirão a mesma dor quando seus filhos ou quem quer que seja assim os tratarem. O desrespeito humano não pode ser o exemplo deixado. Mas, sim o carinho e a vivência respeitosa com todos.
          Devemos pensar que hoje somos, mas amanhã não seremos mais. E que a vida passa para todos. Sem exceção.

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