COLUNA DE VÂNIA MOREIRA DINIZ

Nº 7 - 6/11/2006
(próxima: 21/11/2006)

          

O Viver

Sei agora mais do que nunca o quanto a vida é importante. Ela se desfaz num momento qualquer como se fôssemos um brinquedo ou incitados por um prestidigitador. Precisamos fazer tudo “hoje e agora” porque realmente não sabemos o que vem “depois e amanhã”.

Muitas vezes quis transmitir alguma frase, opinião, comentário ou dizer simplesmente que amava a uma pessoa querida e quando me resolvia ela já tinha ido embora, a despeito de ser jovem, forte, cheia de boas intenções e alegria, mas o mágico Senhor o impulsionara. Por isso quando falo e principalmente escrevo, vou declarando, colocando minhas frases em torrentes de sinceridade, confessando o que se passa, o que quero dizer e que às vezes pode fazer muito bem não só a mim.

Viver é isso, o pensar, o praticar, o se dar em cada momento difícil ou descontraído mas apreciar toda uma natureza, o voar dos pássaros, o mar, o céu, a luz, o sol, a chuva, as estrelas, e também as obras do homem que demonstram a perícia e perfeição de qualquer pessoa humana. E então consolidar sua procura, a doação, a solidariedade que sublima qualquer momento e o torna verdadeiro e presente.

Olhei para dentro de mim hoje, e também para dentro de todas as pessoas que convivem comigo, expressando esse mistério maravilhoso do estar e do ser. E vi o húmus retirado da certeza, bondade e generosidade e espalhado pelo mundo conturbado e violento. O resultado foi que fertilizou e por isso vemos que tais sentimentos, por mais que a erva daninha atue se sobrepõem quase tão ligeiros como o esperma do amor, correndo desabaladamente quando encontra o caminho propício.

Isso é o viver em todas as etapas, é o sentir em cada segundo, é o amar sempre e progressivamente. É viver, agir, declinar o verbo que nos faz seres e não algo inerte e vazio.

È correr na esperança da transformação gozando de todas as fases do orgasmo a se concretizar pressuroso e cheio de poder.

Estive por um momento, alheia, o não existir, ausência de imagens que me deixou inerte e louca a pedir novamente a preocupação do ser e estar, mas também a procura insidiosa de cada fase de minha vida e da presença de todos os seres que existem e são. Dando as mãos no gesto mais significativo do ser humano, o calor transmitido, o vigoroso auxílio mútuo e profundo. O amor universal, e dentre todos o amor, paixão, a loucura de um segundo ou de todos os momentos.

Isso tudo quero viver, todos os minutos em um, um para toda a vida, que não influenciará a ampulheta do tempo nem para cima nem para baixo, e que será sempre o mesmo instante irrepetível mas também inesquecível.


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