Solange Firmino

Professora do Ensino Fundamental e de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Médio. Escritora, pesquisadora. Estudou Cultura Greco-romana na UERJ com Junito Brandão, um dos maiores especialistas do país em cultura clássica.

Mito em contexto - Coluna 24
(Próxima: 20/5)


Musas inspiradoras e protetoras

No mundo antigo, acreditavam que o poeta recebia inspiração para narrar as ações heróicas e as vidas dos deuses. Os poetas eram servidores das Musas, e eles dedicavam a elas uma veneração tão ritual que muitos se diziam profetas. Para eles, a influência de uma musa não era só inspiração, diziam que a própria Deusa cantava através deles. Aos poucos as Musas se tornaram inspiradoras e protetoras de toda forma de arte.

Conta uma lenda que Zeus perguntou aos deuses se faltava algo mais para que o Olimpo fosse perfeito. Os deuses pediram que Zeus criasse divindades que enaltecessem a vitória dos olímpicos sobre os Titãs.

Zeus se uniu durante nove noites a Mnemósine (Memória), que deu à luz as nove Musas, ao mesmo tempo. Foram dados às Musas os seguintes nomes e funções:

Érato : Musa da poesia lírica. Sustentava uma lira e uma palheta. Também ao seu lado estava o Cupido alado .

Calíope : Musa da eloqüência e da poesia épica. Era representada com A Ilíada e A Odisséia à sua volta. Posteriormente, na representação romana, aparecia também com A Eneida . Nas epopéias clássicas, o poeta sempre invocava a Musa pedindo inspiração, só depois é que narrava a história.

Euterpe : Musa da música. Representada com instrumentos musicais como oboé e flauta. Também carregava papéis de música.

Clio : Musa da história. Representada junto a uma caixa de livros.

Polímnia : Musa da retórica e da arte da escrever. Representada de pé e apoiada, em atitude pensativa.

Melpômene : Musa da tragédia. Representada com uma máscara trágica e um cetro.

Tália : Musa da comédia. Carregava uma máscara cômica e coroa de pedra.

Terpsícore : Musa da dança. Coroada de grinaldas e tocando harpa.

Urânia : Musa da astronomia. Aparecia vestida de azul e coroada de estrelas.

As representações acima variaram de uma época para outra e os elementos com que eram representadas também. O número de musas também varia entre uma, três, quatro, até nove. Diversos nomes já foram dados a elas, segundo as fontes que as consagraram ou os lugares onde supunham terem nascido.

Acreditavam os antigos que as musas influenciavam os nascimentos. Por exemplo, quem nascia sob influência de Talia (Lua) tendia a ser volúvel, variável. Os nascidos sob influência de Polímnia (Saturno) tinham memória das coisas passadas.

As musas presidem o pensamento sob todas as suas formas: persuasão, eloqüência, música, poesia, etc. Sempre aparecem nos textos teatrais, em grandes ou pequenas histórias, até os dias atuais. Do seu nome deriva o termo museu. Do grego Mouseion, a palavra Museum, em latim, significa Templo das Musas, o ponto de encontro das protetoras das artes.

Ao contrário dos que acham que museu representa coisas do passado, a história das musas nos mostra que é o lugar de inspiração de toda arte, de toda criação humana. Os museus são lugares de preservação e de criação. Abrigam o passado e o presente. Até inspiram o futuro. Ave, Musa.

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