COLUNA DE VÂNIA MOREIRA DINIZ

Nº 22 - 21/7/2007
(próxima: 6/8/2007)

          

E agora? O que vai acontecer? Vamos continuar morrendo tragicamente?

Falamos todos os dias da finitude da vida e por isso mesmo o respeito que devemos a ela, tratando-a como um tesouro que um dia não será mais nosso.

Ontem a tragédia com a queda do avião em que viajavam 176 pessoas nos mostra que banalizaram antes de tudo a própria existência.

Há um ano, desde que caiu o avião da gol matando também dolorosamente mais de cem pessoas, não conseguimos ter paz com a crise aérea. Milhares de pessoas são desrespeitados pelas autoridades desse país e presenciamos indiferenças, deboches como aconteceu com a frase da Ministra Marta Suplicy e preocupações egoísticas e pessoais enquanto o povo sofre.

Ontem o avião da Tam com 176 passageiros sofreu talvez o pior acidente que o Brasil já conheceu. E agora? Quem dará vida a essas pessoas, consolando o desespero de milhões de pais, filhos, irmãos, amigos? Quem?

Tudo isso porque precisavam voar, ganhar dinheiro, aumentar os lucros e não mostrar que passavam por uma crise vista mas não reconhecida. Que parassem durante dias os aviões de decolar para que se pudesse resolver a perícia no setor, que as autoridades reconhecessem que passavam por um sério problema que ficássemos um, dois, três, vários dias sem poder viajar, mas que essas vidas fossem poupadas. Nada e nenhum lucro ou orgulho é superior à morte.

Tudo poderá ser solucionado, mas não arriscando a vida de milhares de pessoas e quem não via que mais cedo ou mais tarde isso poderia acontecer?

Já não peço ética, respeito, compreensão o que quero nesse momento crucial, é sentir humanidade nos profissionais, dirigentes, políticos seja quem for que possa fazer alguma coisa para não arriscar a vida de seus pares, seres humanos.

Estamos todos desolados, perplexos em meio a tantas desgraças e violências de diversas categorias, por isso parem, por favor, vamos recomeçar reinventar uma forma de conseguir paz, mesmo que tenhamos que parar tudo, ainda que não pensemos em ser um país de primeiro mundo, nada importa senão defender o ser humano, nossos compatriotas que estão morrendo,defendamo-nos antes que catástrofes iguais ou maiores atinjam esse país, tão beneficiado por uma natureza tranqüila.

Quem nesse momento irá defender essas famílias? Certamente ocorrerá a mesma rotina de sempre em que o tempo fará esquecer e isso é a tristeza maior que carregamos em nossa história.

Vamos exigir que parem com tantos subterfúgios para que possamos viver o nosso tempo nessa estrada sem o terror que toma conta de todos nós de uma forma incondicional.

Não. Não há desculpas. Vamos nos convencer que o melhor é parar tudo durantes dias para reestruturar o que está errado do que dormir prematuramente na eternidade e lembremos que não precisamos encurtar o dia de nossa vida, ela já é finita e dolorosamente incompreensível.

E agora? E agora com tanta gente sofrendo, continuará a ser tudo banal como num filme de horror? E agora? Vamos continuar morrendo sem que nada de efetivo seja realizado?

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