Christina M. Herrmann  

Christina M. Herrmann é poeta, webdesigner. Carioca, vive atualmente na Alemanha. Comunidades no orkut: "Café Filosófico das Quatro", "Sociedade dos Pássaros-Poetas" ambos de entrevista e "Orkultural" em parceria com Blocos Online.
Blog: <http://www.chrish.weblogger.terra.com.br>. Página pessoal no Orkut: <http://www.orkut.com/profile.aspx?uid=3958990305271197129>

Coluna 28 - 2 ª quinzena de outubro
próxima coluna: 8/11

EDIÇÃO DE OUTUBRO – CRÔNICA & POESIA – PARTE II

Iniciamos nossa coluna da segunda quinzena de Outubro, com a crônica “A Flor do Lácio no museu” da Profª Solange Firmino. Sob a ótica do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, ela nos traz uma interessante reflexão sobre o português falado e escrito, através dos tempos.

Leiam, a seguir, uma seleção de poemas de: Rejane (Mel) Britto, Maria Angélia (Bilá), Bert de Prins (Tancredo Infrasonic), Lucas do Nascimento Mendes, Ney Maria T. Menezes Rego e Maria Lúcia de Almeida.

Boas leituras e até a próxima quinzena!

***

A Flor do Lácio no museu

Solange Firmino

Alguns ainda acham que museu é lugar de objetos antigos. Hoje, mais que armazenar antigüidades, museu também abriga obras modernas. Mais que um lugar sóbrio, museu é um espaço de educação e lazer. Mas nos museus ainda ficam obras que marcaram épocas passadas, então não é de se estranhar que a Língua Portuguesa seja atração principal de um museu, afinal, é bem antiga; ao mesmo tempo, é atual, pois é falada por milhões de habitantes no mundo inteiro.

A história da Língua Portuguesa começou há uns 4000 mil anos antes de Cristo, com as línguas indo-européias. A Língua Latina é um dos ramos do indo-europeu e deu origem à Língua Portuguesa. O poeta Olavo Bilac disse em um soneto que a Língua Portuguesa era “a última flor do Lácio”, em uma referência ao berço do latim, a região do Lácio. O latim vulgar falado nessa região era uma das variações da Língua Latina, e era usado pela população romana na comunicação diária.

Junto com a cultura, hábitos e padrões de vida, os romanos levaram essa língua para as cidades agregadas ao seu império, legando ao mundo a língua que daria origem às línguas neolatinas como português, espanhol, francês e italiano. Com as navegações portuguesas no século XVI, a Língua Portuguesa, mistura dos falares da península ibérica com as influências latinas, espalha-se por várias regiões como África Ásia e Américas.

Hoje a Língua Portuguesa é umas das dez línguas mais faladas no mundo e língua oficial de pelo menos oito nações. Sofreu evolução histórica, foi influenciada por vários idiomas e percorreu muitos estágios até chegar ao que falamos e escrevemos atualmente. Mesmo assim, há vários falares e padrões que diferem de uma região para outra do Brasil, assim como há “várias” línguas portuguesas faladas no Brasil e em Portugal.

Um pouco da linha do tempo da história dessa língua podemos conhecer no Museu da Língua Portuguesa, situado em São Paulo, em um prédio histórico na Estação da Luz, acima das plataformas dos trens. Estão distribuídos pelos três andares do prédio objetos, imagens e sons que demonstram o quanto a língua é viva e dinâmica e está mais presente nas nossas vidas do que imaginamos.

Os visitantes do museu podem descobrir – de forma bastante interativa – a origem das palavras, os idiomas que ajudaram a formar o português falado no Brasil e as formas de linguagem no cotidiano. O auditório passa filmes sobre a origem das línguas e a importância da linguagem. Há um grande corredor onde são projetados vídeos que mostram riqueza da língua nas regiões do Brasil.

Há também um espaço para mostras temporárias. A primeira delas é uma homenagem a Guimarães Rosa e os 50 anos de "Grande Sertão: Veredas ". Outros autores e artistas brasileiros figuram nas exibições em que grandes nomes da Língua Portuguesa que são lembrados ludicamente.

Ao exploramos essa exposição cheia de recursos audiovisuais e alta tecnologia, somos envolvidos em imagens, vídeos, músicas, palavras cantadas escritas, lidas ou ouvidas em prosa e verso. Ali, temos certeza da importância da linguagem na construção dos povos.
 
Museu da Língua Portuguesa - Estação da Luz, São Paulo. De Terça a domingo, das 10h às 17h. R$ 4,00.

***

A r m a d i l h a
Rejane (Mel) Britto


Caio
na sua
armadilha
desconcertante
crucial

Liberto
nua
minha libido
corpo vibrante
sensual

Saciedade
crua
dos sentidos
alucinante
sexual

Amor bandido


Cataclismo
Rejane (Mel) Britto


teu corpo
é solo
( a imensidão que exploro )

desvendo todos os teus
vales
incito os teus
vulcões

– pouco a pouco
e beijo a beijo –

descubro as armadilhas
e as tocas dos leões...

e enquanto assistes
à minha exploração
à língua...)
projetas
em mim

todas
as tuas
erupções...


Mentiras
Maria Angélica / Bilá


não creia em mim
quando digo
quero ficar só
só quero que insistas
em me acompanhar
desejo conferir
que me queres ainda

mentira vez ou outra
sem maldade ou vaidade
não faz mal
nem mancha a dignidade
pra chamar à atenção
é normal


Desvelo
Maria Angélica / Bilá


se me escondo em máscaras
revelo o disfarce

se oculto as raivas
revelo o medo

se desconheço as mudanças
revelo a permanência

em tudo que escondo
há desvelar de sentimentos


Zen e a arte de colher laranjas
Bert de Prins / Tancredo Infrasonic


elle secoue les arbres
les fruitiers d'or munis
elle les secoue bien et puis
en lisière s'agenouille en herbe

de sa douce voix de alte rit
en recevant les oranges
les arbres donnent en échange
de fruits enchantés elle vit

..
 
D'eau et de sel naissent
Dans ses yeux de femme
Diamants fugasses

La joue reçoit en don
Le chemin salé d'une larme
Ecrivant son nom

Faible lumière d'amant
Sans visage et sans corps
Amour faisant

..

D'água e sal nascem
Nos seus olhos de mulher
Diamantes fugaz

A face recebe como dom
O caminho salgado duma lágrima
Escrevendo seu nome

Luz suave d'amante
Sem rosto nem corpo
Fazendo amor


Derrota
Lucas do Nascimento Mendes


perdi
mais uma vez

mais uma vez soquei o muro
soprei o forno
sequei o gelo
só pra parar
no mesmo lugar

mais uma vez perdi
e perdi do mesmo jeito
que perdi outrora
não sou daqueles que aprende
sou do tipo imbecil
talvez do tipo confiante
em... destino?

Cansei
de novo.
Perder cansa
acostuma
mas sempre cansa

Ó Vitória
que repousas sobre a palma de Minerva
Invejo os que te esposam
invejo e admiro.
regozijo em mirar-te
Desejo-te como a um anjo
Uma flor
Uma moça distante
desejo-te
mas apenas isso...

O escudo está pesado
Jogarei-o fora
Os meus me receberão.
Que fique a vergonha
Para os que têm tempo para isso.


Vivências...
Ney Maria T. Menezes Rego


Ao sol de cada levante
se aquece o muito esperado.
Acorda, e bebe do orvalho
sobre as folhas, e no oco das taquaras;
viaja as léguas da solidão
pelas trilhas, pela madrugada,
dança a canção do vento, e colhe
os mais delirantes trinados
das teclas, já gastas, do miocárdio.
Mastiga o pão dos meus trabalhos
regando-me, generosamente,
ao tempo da estiagem.


Cheiro de chuva
Maria Lúcia de Almeida


Numa tarde
Pelo caminho
De chuva e terra molhada
passo a passo
Nas minhas saudades
Sua lembrança tomou forma.
Jeito amigo, sorriso largo
Quanto carinho, quanta ternura
Em nossas conversas tão animadas.
É sempre assim e logo você vem,
Quando chove e o vento espalha,
Aquele doce cheirinho de chuva
Que só a sua lembrança tem.

 

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