Christina M. Herrmann  

Christina M. Herrmann é poeta, webdesigner. Carioca, vive atualmente na Alemanha. Comunidades no orkut: "Café Filosófico das Quatro", "Sociedade dos Pássaros-Poetas" ambos de entrevista e "Orkultural" em parceria com Blocos Online.
Blog: <http://www.chrish.weblogger.terra.com.br>. Página pessoal no Orkut: <http://www.orkut.com/profile.aspx?uid=3958990305271197129>

Coluna 30 - 2 ª quinzena de novembro
próxima coluna: 8/12

COMUNIDADES, PESQUISAS, HIGHLIGHTS, CRÔNICA & POESIA

Em Destaque, nesta Edição:

Poesia (Orkultural): Varley Farias Rodrigues, Ney Maria Menezes e Shirley Aparecida Gaul

PESQUISAS (Orkultural): Maria Lucia de Almeida, Juliana Wosgraus, Diego Pereira, Mara Almeida

Trovas (Trovadores Noturnos): José Alberto ´JAC´, Dedé Lopes, Áurea Charpinel, Dirce Maria Teixeira e Maria José Limeira

Highlight de Entrevista (CF4): Jiddu Saldanha, Poeta, Mímico e Artista Plástico

Crônica: "Criando Laços" da Profª. Solange Firmino

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COMUNIDADES

O Teatro Mágico
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=115824

Ballet Flamenco Musical
http://www.orkut.com/community.aspx?cmm=20232580

Livros & Literatura
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=10658358


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POEMAS DA QUINZENA

África

Ouço vozes soterradas que não dizem nada
Que calam terra e escombros
Súbito morrem na África das cores escuras
O tempo em séculos sobre os ombros
Vão em vão os pobres carregados da ilusão da fome
Vozes soterradas que se consomem
Vida que mingua nas Savanas do Continente
Entre gemidos e o gargalhar de fuzis
E vão-se os seres em contingente
Em insanas guerras civis
Vozes soterradas perambulam em cáfilas caladas
Como animais traçando destino infeliz
Saara, seara dos ventos
Do pó da pedra que voa
Saara, terás para sempre
O uivo dos ventos que nas almas ecoa
O animal que ruge no estômago da criança que morre
E um mundo vizinho sorrindo não te socorre
O sangue que te escorre e a terra sedenta bebe
África, do Apartheid da pele
Ao vírus que insone
Teu ventre gerou
Recolhe tua mão pedinte estendida
Acena o adeus a vida
Porque o mundo vizinho
Sorrindo te abandonou

Varley Farias Rodrigues


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Ainda... II


Ainda que nada
se faça pronunciado
como se longas
mãos
cálidas
pendessem
desmaiadas
pelas pontas
nas fronteiras
dos punhos do silêncio,
abelhas frias
ferroteiam
arrepios
sob a lã
à beira
de rubra lenha.
>*<
Na conjuntura
em que lua nova
e a derradeira
terça de junho
se olham,
despedem-se
do canteiro
a última folha
do tinhorão
machetada
de vermelho
os casais
de andorinhas
os aguaçeiros
o gasto ancinho
e um regador
de jorrar sonhos;
mesmo que ainda um
roer
se repita
no fundo
do plexo-solar
lá, no oco
da barriga
velha fisgada
se arda, monótona
tal fosse
vigente
um verão
nos trópicos.
>*<
Enferrujam-se
no tom cobre-rangente
do desuso
os gonzos do portão;
embora sempre ilumine
branqueie o degrau
desvende curva
e rachadura,
a luz acesa,
ainda, aquela
no alto, na aléia
e sobre o mato
cobrindo chão.

Ney Maria Menezes

 

Pensamentos

Debruça-te mente insana
Voa longe nas batidas do meu coração
Traz reflexos de um momento
Traz lembranças, traz pensamentos.
Como um raio parte-me ao meio
Faça-me de forças quebradiças
Que ao chão cai os pedaços
Cacos de memórias perdidos no espaço.
Busca no fundo de minha alma
Imagens perdidas, ofuscantes;
Mesmo esquecidas, estraçalhadas;
Se tornam vivas ao som da música
Marcam momentos, são pensamentos.

Shirlei Aparecida Gaul


DESTAQUES DA "TROVADORES NOTURNOS”

Do tópico ´Trovinhas a Quatro Mãos´:

Um bom grupo de amigos [ José Alberto "JAC" ]
Juntos fazem bela festa  [ Dedé Lopes ]
O luar serve de abrigo [ Aurea Charpinel ]
O vento faz a seresta [ Dirce Maria Teixeira ]


Do tópico ´Galeria da Fama´:

FOLHETINS DA CHUVA
Maria José Limeira

Olho grade da janela.
Contemplo mundo que passa.
Vejo cavalo sem sela
trotando à chuva que grassa.

Quem está fora ali fica.
Aqui dentro, sai fumaça.
Chuva forte alambica.
O que mais dói é desgraça.

Olhando assim pela grade,
não sou eu alma penada.
Prendi amor e saudade.
É cativa a madrugada.

Pingo de chuva escorre.
Céu cabe dentro da mão.
Passarinho está de porre
por amor que não lhe dão.

Olho tempo e vejo chuva.
Mundo está na prisão.
Talvez cela seja turva.
Não sei se cinza ou carvão.

Chuva respinga do céu.
Do lado de cá, o chão.
No meu dedo, frio anel.
Ao meu lado, solidão.


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HIGHLIGHTS

[ De entrevista no Café Filosófico “Das Quatro”]

03/11/2006 15:05

Sobre a Mala da Fama.

A Mala da Fama é um projeto doido que criei para acabar com essa "mania de ficar famoso", criei um princípio democrático para a fama, a todos um flash, a possibilidade de dançar na frente das lentes opressoras da mídia, uma vez "famoso", cabe ao artista dedicar-se à sua obra e nada mais!

A Reflexão proposta pelo projeto MALA DA FAMA é um jogo de comportamento face ao comportamento da mídia, neste jogo de imagens em que todos nós temos um pouco a vaidade de querer nos mostrar e ao mesmo tempo o questionamento sobre o "mito da visibilidade". Precisamos disso, de fato? A Fama é necessária?



03/11/2006 15:09

Respondendo à Solange Firmino!

Eu estou cada vez mais interessado e apaixonado pela poesia minimalista, considero qualquer poema acima de 15 linhas um romance interminável. Mas nem sempre pensei assim, acho que a cada dia que passa, tenho necessidade de expressar cada vez mais com menos. A economia de espaço, texto e, sobretudo, de "aluguel da cabeça do leitor", para mim é uma questão constante. Meu projeto é descobrir a síntese ideal (ainda que não acredite em perfeição), libertar-me da carga pesada de ter que carregar tijolos, literariamente falando!



03/11/2006 15:25

Para Chris, novamente!

O projeto HAIGATOS é uma iniciativa de pintar e escrever sobre gatos sempre do ponto de vista do haicai. Tenho um blog www.haigatos.zip.net, onde estabeleço uma parceria aliando minhas pinturas de gatos com haicais enviados por diversos poetas espalhados pela internet afora! Até agora estou gostando do resultado e pretendo, em breve, quem sabe fazer um livro ou vários livros!



03/11/2006 17:20

Um anjo...

Chris, a Mitsuko foi um anjo que apareceu em minha vida! Aquele encontro que tive com ela por volta de 1996, determinou todo um futuro, e mudou completamente minha visão sobre a arte da poesia!

Para mim, a poesia sempre vai ser um olhar... no sentido visual mesmo do termo, formar imagens através da subjetividade, tanto no que tange à escolha das palavras como o assunto abordado.

Foi com a Mitsuko Kawai que aprendi a ter este olhar, o que reflete numa prática diferenciada em relação à própria vida! É claro que essas "fichas" foram caindo com o tempo. Hoje, por exemplo, ao buscar o aprendizado do tiro com arco, percebo que faz parte de uma busca da minha própria poesia, não apenas como algo dentro de mim, mas também de todo um universo que pulsa no entorno, ao redor de mim! Este mundo que me foi ofertado e que, através de meu aprendizado com a Mitsuko, aprendi que devo mergulhar nessa essência e vivenciar o zen, claro, na medida do possível!

Jiddu Saldanha
[Poeta, Mímico e Artista Plástico]


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O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?

13/09/2006 07:51 Relendo: "Demian"
"O amor não era um obscuro instinto animal, como a princípio o havia suposto; e nem tampouco piedosa adoração espiritual(...). Eram ambas as coisas, ambas e muitas outras mais: era anjo e demônio, homem e mulher em um, ser e fera, sumo bem e profundo mal."
(Demian, Hermann Hesse) 
Maria Lucia de Almeida

13/09/2006 16:38 Quando Nietzsche chorou
...de Irvin D. Yalom. Pra lá de comentado já, dispensa dizer algo mais 
Juliana Wosgraus

24/09/2006 11:02 ecos na escuridão
Muito bom.
Diego Pereira

05/10/2006 16:45 A Festa de Maria
De Rubem Alves. Terminei de ler hoje...
Mara Almeida

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CRÔNICA  

Criando laços

“A vida é a arte do encontro,
embora haja tanto desencontro pela vida.”
[Samba da Benção, Vinícius de Moraes]

Eu já disse aqui que não podemos dizer que a internet afasta as pessoas, quando muitas estão juntas por causa dela. Na ocasião daquele texto, comemoramos durante vários dias o aniversário da Leila Míccolis na sua comunidade no Orkut . Pessoas do Brasil e do mundo estiveram “presentes”em uma festa que só foi possível pelo tipo de encontro que a internet pode proporcionar.

Encontros sempre aconteceram, mas não com a quantidade de pessoas com as quais podemos nos tornar amigas nos chamados “ sites de relacionamento”. Nem com a forma com que fazemos. Não clicamos nas pessoas nas ruas e as adotamos como fazemos na internet. Ninguém entra em um ônibus achando que vai ficar amigo do passageiro do banco de trás ou do motorista. No Orkut as pessoas entram em  tópicos que dizem “adicione a pessoa antes de você”. Pode aparecer alguém e dizer “vou adicionar todos vocês desse tópico”. Imaginem a situação no ônibus: “Atenção passageiros, não estou vendendo bala, quero ficar amigo de todos. Aceito MSN , Yahoo Messenger e afins”.

Nas ruas, só vemos as pessoas. Não existe um perfil colado na testa dizendo as qualidades e o álbum de fotos das pessoas. Não temos a mesma coragem de abordar pessoas como temos ao abordar perfis na internet, onde parece natural abordá-las em suas páginas, porém de modo diferente de como conversamos no ponto de ônibus ou no supermercado. Mas a internet também é um espaço público e muito se tem discutido, como falei aqui ,  sobre quem bisbilhota o espaço alheio sem o mínimo de educação.

Interagimos com amigos que não conhecemos pessoalmente, trocamos mensagens, idéias e, quem sabe, sonhos, sentimentos e endereços. As amizades, como os amores, ultrapassam muitas vezes as conversas virtuais e acontecem os encontros reais, os “orkontros”, já que falamos do Orkut .

Sabemos que a internet que tem coisas boas e ruins. Tem vírus, fraude e identidade falsa; mas tem amigos. Viver dentro e fora da internet é um risco. Muitos falam que pessoalmente as pessoas são diferentes. A linguagem da internet permite que editemos nossos perfis como queremos, passamos a parte mais interessante e legal de nós mesmos, afinal queremos provocar o interesse do outro.

Identidades são criadas o tempo todo e nem sempre coincidem com a pessoa real. Às vezes o clima criado é tão ilusório ou atraente que decepciona no encontro ao vivo. Ou não. Vai acontecer sempre. E cada um terá uma história boa e ou ruim para contar. Ou um amigo terá, ou um amigo do amigo.

Alguns relacionamentos não acontecem na vida real, mas será que é porque as pessoas trocaram o mundo de carne e osso pelo virtual? Nem sempre. As pessoas podem morar em estados, cidades ou países diferentes. Quem sabe até em planetas diferentes, afinal, já vi no Orkut perfis de pessoas que se diziam alienígenas... O que vai marcar o limite entre o bom e o mau uso da internet nos encontros reais? Não sei, cada um que tente achar sua medida.

*Dedico esse texto a Chris Herrmann e Leila Míccolis, pelo encontro.

Solange Firmino

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DICAS E EVENTOS ORKULTURAIS

Acesse o fórum de debates e eventos da nossa comunidade:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=4952440

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CLIQUE AQUI PARA INTEIRAR-SE DAS COMUNIDADES PARCEIRAS DA COLUNA ORKULTURAL
(é preciso participar do orkut para poder acessar o link)

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