Culto aos mistérios do passado
na vivência do mundo de agora

lembranças da encarnação no Sul da Índia (como Tamul Nadu) com reflexões místicas sobre sua vida atual
COLUNA QUINZENAL DE CLARISSE DE OLIVEIRA
autora do livro “Mistérios” (Ed. Europa)
Nº 24 - 23/2/2010
(próxima: 23/3/2010)

RODEADA POR SOLIDÃO


SOLIDÃO DE SI MESMA

O que está escrito é o mais dificil que se pudesse escrever. Trata-se da recordação da última encarnação passada: um trecho, somente um trecho, de uma curta vida.
Tanta coisa poderia ser contada, de uma vida em ambiente pobre no Sul da Índia de 1750. As coisas mais importantes estão em pequenos instantes. Então pergunto: — Por quê? Porque é somente do conhecimento do Infinito, do Inimaginável, que palpita em nós algo que se transportará para daqui ha anos, mas, que, fazendo parte de nossa Alma, foi vinculado ao Destino do nosso Encontro com o Dono do Mundo.
Esse mistério tem de nós mais que toda nossa existência na Terra.  Esse mistério é o mais importante em nossa Evolução para o desprendimento de Tudo e a conquista do que realmente é mais valioso, e vale pelo Universo Inteiro; talvez, pequeno, mínimo, mas com mais poder que a maior galáxia, pelo máximo que o ser humano possa conhecer.
E esse instante, veio do caminhar em uma estreita estrada, cavada pelas milhares de passadas feitas para que a estradinha pudesse existir. Eu, sim, minha Alma em outro corpo, caminhava do templo onde eu servia, à minha casa.
Não levava, nem trazia pouca coisa, mas a mais pesada estava no abstrato horizonte de minha vida, naquela região.
— Deus, pedia eu, remova tudo o que não será perdurável para mim, mas, somente o que me é Verdadeiro e que eu mesma nem identifico, mas que ditará novo Destino, e se transformará, me transformando, e revelando o Verdadeiro Deus para o meu Espírito, me salvará de todo engano, de toda ignorância — o que, me circundando, não terá forças para me levar "para Nada". Eu Sou, na Verdade do Deus, o que  posso ser dEle.
A mesma solidão do Caminho perdura até hoje, tendo minha mãe querida "daquela época"; quanto ao meu namorado, tendo dado parte de mim mesma a ele, nada mais me sobra para mais nada!
Continuo s ó, mas, em minha Fé, Deus sabe o Conteúdo do Vazio que Ele tem para mim.

flor de lótusflor de lótusflor de lótus

SOLIDÃO

Ela foi enriquecida,
pelo Segredo do Começo
— O Começo Eterno —
E como tudo que é Começo,
é sempre fresco, é recente,
está em sua pujança,
esse Bem-Estar da Bênção e da Luz,
cerrou-lhe as portas das idas e vindas,
mantendo o claustro do recolhimento,
     para que a Devoção
não fosse perturbada em sua
           Concentração,
porque a Solidão impera como rainha
requerendo o Espaço para as chegadas
de todas as Luzes que os Mestres
   imploram para ela,
a Sacerdotisa de Si Mesma

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ESCOLHA

O vento glacial do Himalaya,
corre por entre os montes nevados

A alma de Nadija está diante dos mestres
que escolheram viver nas Altas Montanhas.
A alma de Nadija treme de frio,
pois ela ainda está em seu corpo
                na Terra

A alma da Bayadera de Murunga
estende sua mão de mendiga
ao Mestre dos Mestres
e suplica:

— Senhor, acredita que se eu me deitar
                 com ele,
não estou te perdendo
em tudo que minha alma ganhou
                 na Terra?

O vento gelado sopra mais forte...
No entanto, Nadija não teme:
ela tem muito calor em seu corpo
para salvar o amante que rolou
por Mundos Sombrios ao tê-la
vitimado por ciúmes

O Mestre,
ou a escolha
do amante que a fez descobrir
a Cópula Coluna do Universo
              para o
   Templo Amor Eterno
              ainda no
Pavilhão da Divindade Oculta?

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FANTASMA ERRANTE

O vento frio do Himalaya conduzia o fantasma da mulher cinzenta.
Ela, a mulher fantasma, fechava em seu peito, cruzando os braços sobre ele, as súplicas aos renunciantes do mundo, residentes nas montanhas geladas, as súplicas para ter direito ao homem que amava.
O fantasma conseguiu chegar no lugar onde os mestres sem alma e sem carne se reuniam.
Eles, os sábios de além-paraíso, perceberam a mulher suplicante, mas não lhe deram atenção. Os mestres formaram com seus pensamentos uma selva sem ser selva, uma mata sem cor.
Como esperavam, a mulher se atirou naquela coisa sem forma, suplicando pelo que  tinha direito.
Então, o que nas montanhas tinha aparência de homem em carne levantou-se e fez frente à mulher cinzenta: — O que você quer aqui? — Direito ao homem que amo. — Vá buscá-lo: se ele estiver satisfeito com seu Carma e não quiser você, dispa-se da solidão e verás então se ele realmente te é necessário.                                                       

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O fantasma da mulher cinzenta atirou-se daquelas montanhas aos Abismos das Galáxias, urrando pela Solidão, a Solidão, vestimenta verdadeira da Sensualidade Fogo, que não satisfaz nunca....

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