Christina M. Herrmann  

Christina M. Herrmann é poeta, webdesigner. Carioca, vive atualmente na Alemanha. Comunidades no orkut: "Café Filosófico das Quatro", "Sociedade dos Pássaros-Poetas" ambas de entrevista e "Orkultural" em parceria com Blocos Online.
Endereço do Blog, reunindo todos os seus sites e comunidades: http://chrisherrmann.blogspot.com

Coluna 42 - 2ª quinzena de maio
próxima coluna: 8/6

POESIA & CRÔNICAS

Os destaques desta quinzena são:

POESIA (CF4): Lenise Marques, Gustavo Adonias, Antonio Carlos Rocha, W illes S. Geaquinto

CRÕNICAS: “Artes na Revolução da Percepção de si e da sociedade (breves considerações...) ” de Virgínia Fulber e “A importância do livro no Brasil do século XXI ” de Solange Firmino.

Boas leituras e até a próxima coluna!

* * *

AQUÁRIO BLUE

Lenise Marques

Hoje minha sombra esgueirou-se
sorrateira, alheia à mim.
Hoje pesou mais a solidão
e a sensação de ser uma estrangeira,
entre os que deveriam ser meus iguais.
Hoje, acenou-me a saudade
de um lugar onde nunca estive,
e apertou-me o coração
com sua escura mão!

Fiquei aqui...tão única! Tão só!
Olhando pela janela
qual um peixe através
do vidro do aquário.

Só... que a água,
está do outro lado.


POEMAR

Gustavo Adonias


"Poemas azuis
Marulho
Vento do mar
Cantos de sereia
Recantos de amar
Golfos, baías, restingas
Areias brancas
Ouriço
Vela
Tela
Pintura sem fim
Pomar de frutos macios
Poemar
Plantação de palavras em mim."

 

CANÇÃO DO BARCO PERDIDO

Antonio Carlos Rocha

O que está perto some na distância
Quando não queremos tocar,
Sentir, cheirar, nem ver.
A fuga é passo no escuro,
No porão da infância
Aonde tudo começou.
O medo vence a razão,
Pára a alma entre brumas,
Barco perdido no mar,
Flutuando no não ser.

VIDA!
Vem luzir os olhos nos meus,
Vem queimar dentro de mim,
Iluminar a noite, trazer o dia.
Vem de novo amanhecer!


CAMINHOS E SINAIS

W illes S. Geaquinto


Quanto mais caminho
Percebo a estrada
Que está por vir.
No entanto,
Percebo também o encanto
Desse ir e vir.

Lições especiais
Que meus pés não sentem,
Mas meus olhos vêem e
Minha mente registra
Em forma de sinais.

Enquanto houver procura
Haverá vida, desafios
E encontros.
Fora viceja, tropega,
A descrença e a loucura.

 

TERCETO

Michèle Sato

Educação, poesia e mudanças
Nos sonhos de Paulo Freire
Esperanças



* * *

CR ÕNICAS

 

Artes na Revolução da Percepção de si e da sociedade

(breves considerações...)

Virgínia Fulber

Dedicado especialmente às mamães e mulheres, esta singela contribuição ao entendimento de si, de seus amores e da da sociedade, com meus votos mais sinceros de que sigam corajosamente na construção de sua autopoésis.

“Viver não é necessário: o que é necessário é criar” [Fernando Pessoa]

“A pintura é poesia muda e a poesia é pintura eloqüente” [Plutcarco]


Nas ARTES uma via de “tornar o pensamento visível“ e dar vazão às fantasias amorosas e suas  restrições, a primeira restrição que a civilização impõe e sobre a qual se funda é uma restrição sobre a sexualidade humana.

Num momento em que urge a necessidade  de uma Sociedade “sustentável”, pois que é evidente que não podemos mais continuar consumindo a mãe terra até o ponto de extinguir com as fontes energéticas das quais necessitamos.

Já Freud em Totem e Tabu esclarece a necessidade de regulação da libido e seus inestimento como necessária na manutenção da vida em sociedade, o fazer em conjunto. Eros (Amor) e Ananke (mães da moiras / necessidade da mitologia greco-romana) tornaram-se os pais da civilização humana, o homem tendo que privar-se de seu desejo sexual, a mulher (no caso) pela necessidade de sobrevivência e a mulher a uma parte si mesma da qual foi separada, os filhos e ao seu cuidado. A sublimação é o que permite a vida em sociedade.

As Artes tem uma função inquestionável, paralelamente com a Filosofia e Ciência , mas a primeira  da conta daquilo  o pensamento, a racionalidade não é capaz de resolver. A Arte, a poesia (do grego poésis = criar)  incumbir-se a  viabilizar descongelar a visão mecanicista a que, ainda, alguns encontram-se aprisionados.

René Magritte afirma numa entrevista: "Quando vi pela primeira vez a reprodução do quadro de Chirico: 'O CÂNTICO DE AMOR', foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida:os meus olhos viram o pensamento pela primeira vez".

A pintura "fala" as imagens associadas à audição deste espetáculo uma composição "perfeita"? http://www.youtube.com/watch?v=yxBT1pfVAKQ

A revolução (mudanças de valores) já não é mais um sonho, está em marcha movida pela "beleza convulsiva", uma proposta bretoniana (surrealista) que provoca não somente  “a revolução das mentes mas também "a revolução da realidade social" para Breton pautadas em duas chaves do surrealismo; a injunção de Marx de transformar o mundo e a de Rimbaud de transformar a vida. Conforme Breton “o ato de escrever deveria significar alguma coisa, devia ser mais do que só literatura; a criação deveria gerar mais do que a mera arte.”Revolution of the Mind” uma biografia de Breton / de Mark Polizzotti New York (Farrar, Straus & Giroux, 1995).

As obras de Arte provocam Catarse além de despertar no não artista um criador de valores, expondo-se a si mesmo, faz brotar as lembranças inconscientes e, o indizível pode aflorar com a potência  poética e auto-poética (criativa).

Trago as palavras (poema) da amiga Isabel Rosete inspirada pela Apreciação de L'Orfeo que pode ser apreciado no http://www.youtube.com/watch?v=yxBT1pfVAKQ

 “ORFEU, / O DEUS DA MAGIA DO CANTO, / DA CATÁRSIS MUSICAL.
SEMPRE PRESENTE, / NO REINO DOS VIVOS E DOS DOS MORTOS,
AMANDO, SOFRENDO, / LAMENTANDO... / UMA DÁDIVA DE MAGIA,
QUE ATÉ OS ROCHEDOS COMOVIA“

“Se aprender a falar é o primeiro passo, supondo que o estudo das palavras se conclui do das idéias, aprender a ouvir deve ser a segunda preocupação do aprendiz de filosofia, e com toda a certeza uma das questões centrais da educação. Plutarco, no seu curto ensaio datado do ano 100 d.C., quis remediar esse vazio constitutivo da história de uma retórica do ouvir. A cultura do ouvir supõe a aliança da eloqüência e da filosofia. Ao ouvir, aprendemos mais a pensar do que a falar, pois esta audição é feita da própria substância das palavras, tendo a retórica, por assim dizer, apenas uma função reguladora e exterior. O começo de bem viver é bem ouvir >> Como Ouvir“ (Plutarco / Ed. Martins Fontes).

Indico um Passeio MUSEU do Sexo interessante Sala História e Antropologia da Sexualidade in Mitos e Lendas http://www.museudosexo.com.br/2_home.asp

Afinal o Poeta Fernando Pessoa vivenciou como poucos seus “universos paralelos“ assim pronunciou “A literatura como toda arte é uma confissão de que a vida só não basta“. O que exige  uma abertura e construção contínua da subjetivida através da alteralidade ... Abertura ao devir (existência = potência) visto que existir é exercer suas potencialidades, é bem mais que simplesmente “viver” é um processo um convite a fenomenologia, a experimentação e, construção  constante de si mesmo e do mundo.


***


O texto abaixo faz parte da antologia " A importância do livro no Brasil do século 21 " , prêmio para os professores autores das 100 melhores redações enviadas para o concurso de redação realizado pela Academia Brasileira de Letras e Folha Dirigida. Solange Firmino ficou em vigésimo lugar.


A importância do livro no Brasil do século XXI

Solange Firmino

Atualmente o acesso à informação é feito de diversas formas, desde o livro eletrônico ao livro impresso. Não é preciso memorizar um livro com medo de que ele suma do mercado. Professores dão aulas com o apoio de livro e bombeiros apagam incêndios.
Mas os bombeiros incendeiam e os professores não têm livros em “Farenheit 451”, livro de Ray Bradbury, escrito na década de 50 e virou filme pelo cineasta François Truffaut na década de 60.

Nas sociedades utópicas dos livros e filmes a sonhada reforma social é realidade. A perfeição é conseguida com a eliminação dos excessos e da propriedade privada. Em “Farenheit 451” o excesso é o livro. Qualquer leitura é proibida e as pessoas vêem televisão com programação controlada.

Quando o controle dessa sociedade ideal é corruptível e a tecnologia que controla as normas criadas para o bem comum é opressiva, temos uma distopia. O bombeiro que queimava livros um dia leu um livro por curiosidade e sua vida mudou.  Nada é a mesma coisa quando se conhece.

Em uma sociedade onde os livros são queimados, o conhecimento sobrevive quando há homens que guardam e transmitem o conhecimento. Em “Farenheit 451”, os homens-livro se dedicam a guardar na mente seu livro predileto. Eles se apresentam com o nome e o autor do livro decorado. O conhecimento que os homens carregam é um bem precioso, por isso, sua tarefa era perpetuar a memória dos livros passando o que sabia para os mais jovens.

Uma frase atribuída ao político romano Caio Graco diz "Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas".  Em todas as épocas, as sociedades reais ou utópicas temem os livros pela mudança que muitas leituras podem provocar nas pessoas. E são as pessoas que modificam o mundo com seus atos bons e maus. Na mitologia, Prometeu roubou o fogo do conhecimento dos deuses.  Na Bíblia, Adão e Eva comeram o fruto da árvore do conhecimento. Fomos todos punidos por esses atos “simbólicos”. O conhecimento é perigoso para a ordem do mundo porque ele pode transformar quem somos e nós transformamos tudo ao nosso redor.
 
Na Idade Média, o Santo Ofício da Inquisição queimou livros, além de seres humanos, e criou um Índice de livros proibidos. Hoje a Igreja não proíbe abertamente livros polêmicos para sua doutrina, como “O Código da Vinci” de Dan Brown, mas aconselha aos fiéis na verdade sobre Jesus Cristo.

Perdemos livros na destruição da biblioteca de Alexandria e em saques e incêndios durante vários séculos de existência do livro. Não existem mais os livros secretos que podiam contar sobre civilizações desaparecidas e temas como alquimia, magia, ciência e extraterrestres. 
 
Livros sempre foram considerados perigosos, mas muitos sobreviveram depois das guerras, ditaduras e fogueiras. Pessoas foram perseguidas e mortas, bibliotecas foram saqueadas, mas as memórias dos livros e das histórias que os homens viveram sobrevivem de uma forma ou de outra, impressas, manuscritas, em bytes ou na memória daqueles que lembram.

Dos tijolos de barro aos dígitos eletrônicos, o livro tem muita história para contar. Nem sempre as escritas foram em papel, ou tivemos computador para armazenar informações. Os povos antigos usavam materiais disponíveis, como vegetais, animais e minerais. O papel substituiu o pergaminho, os bytes substituíram os manuscritos, as telas substituíram o papel. Os meios audiovisuais são muitos.  Os livros de papel perderam a novidade, mas não a importância.

O escritor brasileiro Monteiro Lobato falou sobre a importância do conhecimento produzido pelo homem, armazenado nos livros, quando disse que “um país se faz com homens e livros”.  Claro que não são os livros que constroem uma nação, mas os pensamentos, as idéias e vontades dos homens que lêem o mundo, lembremos a citação de Caio Graco.

No Brasil importa mais vender livros e não formar leitores. Programas de leitura distribuem livros para ganhar espaço na mídia.  Nesse contexto, é mais urgente que tenhamos não os livros, mas a depreensão dos seus conteúdos. Em um período em que a exclusão digital pode deixar de lado quem não exercer a prática da leitura e escrita, é indispensável atribuir a devida importância ao livro.

Aqueles homens-livro esperam que um dia os livros sejam impressos e que cada um seja chamado para recitar o que aprendeu. O que você tem aprendido? Que livros você tem incorporado? Qual o seu nome?  Prazer, meu nome é “Cem anos de solidão”, de Gabriel García Márquez.

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