"DIVERSOS CAMINHOS EM BLOCOS", POR ZANOTO

Jornalista famoso do Correio do Sul (Varginha/MG), desde 1950 mantém a coluna lítero-poética "Diversos Caminhos" naquele jornal.
Manteve coluna em Blocos Online de janeiro de 1998 a dezembro de 1999, e agora retorna à Internet, novamente através de nosso site.
C. Postal, 107 - 37002-970 Varginha/MG

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Coluna nº 30, de 15/2
(próxima: 15/3)

1. Leio o nome de algumas embarcações naufragadas no Amazonas, citadas por Rogel Samuel, no livro "O AMANTE DAS AMAZONAS": Izidoro Antunes (tinha realizado uma única viagem), Otero, Perseverança, Macau, Júlio de Roque, Paraense, Etna, Waitin, Santos Dumont, Tefé, Paes de Carvalho (incendiado), Mercedes, Rio Madeira, Explorador, Veneza, São Vicente, Purus, Colibri, Macapá, Ajuricaba, Japurá, Sertanejo, Ituxi, São Martinho e outros. Rogel Samuel foi professor do Departamento de Ciência e Literatura da UFRJ.

2. Uma homenagem à rua Halfeld, em Juiz de Fora (MG)

não volto mais
pra catar conchas
onde não há mar.

desembarco meu verso
bem ali
na esquina da Halfeld
com Rio Branco
     — e vou catando gente
nas areias do calçadão.

Márcia Carrano

3. Acabei de pisar numa casca de banana e quase fui ao chão. Talvez tenha sido inspirado por algum equilibrista, por isso não caí.
    Nesta Varginha de janeiro, bastante chuvosa, sobrecarregado de péssimas notícias por aí, retomo meus caminhos e vou passeando pelos livros, poemas e crônicas.

4. Chego brincando nas páginas de um livro de José Saramago: vim olhar as palavras empilhadas em frases que dão vida a um romance. Na praça, não sei porquê motivo, o repicar de um tambor. Antes de seguir adiante, anoto frase de Charles Baudelaire, tirada de uma citação de Jovino Machado no seu "Fratura Exposta, livro de primeira grandeza, como afirmou Rodolfo Serkin: "o prazer do amor gira em torno da certeza de fazer o mal."

5. Tenho recebido muita correspondência. Gosto muito de receber cartas. Difícil é respondê-las, uma a uma.
    Hora do almoço! Uma pausazinha nesta coluna. Almoçando, me faço esta pergunta: como teria sido a vida cotidiana na Idade da Pedra? Após o almoço, depois de algumas notícias da região, pela TV, pego "Orla dos Signos", de Júlio Polidoro.

6. PERDA É CONTINGÊNCIA

    sorvemos tantos reveses
    taça e fel
                    
                  beber
            à dor
        que nos affera

    Júlio Polidoro (Juiz de Fora/MG)

7. Ainda sem qualquer notícia de J. Caridas. O sol, ontem, brilhou no País de Gales. Wlson Martins, crítico literário, falando sobre o poeta Carlos Nejar. No domingo dia 21, à tarde, Celina me ligou de Curitiba. Falamos sobre Elói Mendes, alguns momentos de nossa infância, a realidade atual e a experiência de vida. Também falamos sobre o ET de Vargina.

8. Erro Gráfico - "Terror de revisores e escritores, vaclos de impressão comprometem o entendimento e foram responsáveis por episódios constrangedores ao longo da história. Esse tipo de incidente é tão antigo que Goethe (1739-1832) chegou ao requinte de dar estatuto estético e linguístico às falhas de composição. 'Cada vez que vejo um erro tipográfico, penso que algo novo foi inventado' — declarou o autor de Fausto.
    Hoje, com os programas de correção ortográfica e a profissionalização de revisores vigilantes, problemas do gênero passaram a ocupar margem de erro bem menor que a do passado. Está para ser inventado, no entanto, avanço tecnológico que evite o erro involuntário e acidental. Mesmo páginas revistas várias vezes deixam escapar mazelas. É pouco provável que softwares evitassem hoje o deslize da livraria Garnier com a segunda edição de Poesias Completas, de Machado de Assis, em 1902. Naqueles tempos, as obras da editora eram impressas na França. Na página VI do prefácio, o tipógrafo francês teve a infelicidade cósmica de trocar a letra 'e' por um 'a' no verbo 'cegar', do trecho 'a tal extremo que lhe cegara o julo...'. Assim, no mais-que-perfeito do indicativo, o resultado foi uma cegada. Com 'a' inicial, é claro." - Revista Portuguesa nº 8, Junho 2006. De Cosme Custódio "O Garimpo" nº 17 (Salvador/BA).

9. Então, gestos e caras. Monique Evans. As pausas virtuais. Desde o começo do mundo bebia tequila. Colarinho nº 40, ilustração de Rinaldo. Ouçamos Menotti Del Picchia numa saga parnasiana. Por onde anda Juca Mulato? Disse Aristides Theodoro que "Faculdade e Academia de Letras chegam a Curiapeba". Salve Curiapeba! O dono do barzinho é um cara expressivo. Falou de Pablo Neruda. Recomposiçãop. Na tela do computador um poema de Olavo Bilac. Vogal aberta. José Lins do Rêgo. "Angústia", de Graciliano Ramos, um prêmio de primeira. Quanto é o aluguel da casa do Pinga-Fogo?

10. Krug Pilard me diz: "Tenho que lhe contar como encontrei P. H. Xavier pela primeira vez nas proximidades da estação rodoviária. P. H. Xavier procurava um chapéu de palha, para pescaria. Me perguntou se eu sabia por ali de loja que tivesse o desejado chapéu". Aconteceu esse encontro em 1973. Krug e P. H. são, hoje, grandes amigos. Aliás, à meia-noite do dia 31 de dezembro dei um grande abraço nos dois e também no Rodolfo Serkin, que estavam comigo.

11. Olhar de menino
     Sustentando — keve — no ar
     A bolha de sabão.
     
     Eunice Arruda (São Paulo/SP)

12 . "EPÍGRAFE: As únicas coisas eternas são as nuvens..." - Mário Quintana.

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