Christina M. Herrmann  

Christina M. Herrmann é poeta, webdesigner. Carioca, vive atualmente na Alemanha. Comunidades no orkut: "Café Filosófico das Quatro", "Sociedade dos Pássaros-Poetas" ambas de entrevista e "Orkultural" em parceria com Blocos Online.
Endereço do Blog, reunindo todos os seus sites e comunidades: http://chrisherrmann.blogspot.com

Coluna 49 - 1ª quinzena de setembro
próxima coluna: 24/9

“HIGHLIGHTS“ DO CF4

A edição desta quinzena traz um poema de Paulo Ednilson e postagens de Teresa Monica Mavignier, Márcia Br., Silvia Vitória e César R. no debate “Juventude e Maturidade”, da comunidade Café Filosófico “Das Quatro“ (CF4).

Nos “vemos” na próxima coluna. Boas leituras!

* * *


Flor da Saudade
Paulo Ednilson

O teu perfume ainda
impregna a brisa morna
das manhãs de setembro

colorindo de saudades
as flores das lembranças
de tudo que feliz vivemos

esta begônia amarela
da cor do desespero meu
nada sabe de dor e ausência

nem este cravo vermelho vivo risonho
que em vão tenta me consolar

nem esse girasol
a indicar-me caminhos
de luz

nem essa bela rosa
que a todos encanta e seduz

nem flor alguma
deste jardim sabe

que morta
a semente do nosso amor

nunca tornará reflorescer.


* * *

Tópico: Juventude e Maturidade"

Da comunidade: Café Filosófico Das Quatro (CF4)

23 jul
Teresa Monica Mavignier
Juventude e maturidade
.
Da mesma forma que um indivíduo atravessa turbulências em sua vida até alcançar a maturidade na formação de seu próprio pensamento, assim também ocorre com um sujeito coletivo, como por exemplo "o povo" de uma nação, ou mesmo segmentos da sociedade, os chamados "atores sociais".

A juventude é uma fase da vida em que o sentimento de urgência atropela qualquer reflexão crítica.

Tudo leva ao protesto imediato e não se consegue ver numa perspectiva histórica ao abordar os acontecimentos, principalmente se estivermos esmagados pela pressão implacável da mídia.

Mas a história de um povo ultrapassa o sensacionalismo de ocasião e revela uma capacidade de resistência extraordinária (na minha visão) que a história sempre registrará.

Não é facil para uma democracia que está apenas engatinhando, equilibrar-se no cabo de guerra de poderosos atores sociais, que construíram uma das três sociedades mais desiguais do planeta, ao longo de séculos.

Principalmente para um país que tem no seu inconsciente coletivo a baixa auto-estima de um povo colonizado.

Eu abri o tópico inspirada pela versão do Taiguara (não encontrei a letra na web) de "Universo do meu povo" que expressa a maturidade do autor no encontro de um sujeito coletivo.

A versão original, de belíssima poética (disponível na web), expressa o desespero natural da juventude frente às circunstâncias adversas.


"Eu desisto
Não existe essa manhã que eu perseguia
Um lugar que me dê trégua ou me sorria
Uma gente que não viva só pra si

Só encontro
Gente amarga mergulhada no passado
Procurando repartir seu mundo errado
Nessa vida sem amor que eu aprendi

Por uns velhos vão motivos
Somos cegos e cativos
(...)
estou morto pra esse triste mundo antigo"


Vale a pena conhecer toda a letra dessa versão da juventude.

E também vale a pena conhecer a versão da maturidade do autor, em que "o corpo da amante" é substituído pelo encontro com um sujeito coletivo que desponta cheio de horizontes.

.
 
23 jul
Teresa Monica Mavignier
.

Portanto, por mais sofrimento que os acontecimentos possam trazer, eu penso que vale a pena consideram a capacidade de resistência que esse nosso povo consegue demonstrar.

Sei que otimismo não está na moda, mas faço coro com o João Ubaldo: "Viva o povo brasileiro!"

Ele merece as medalhas de bronze, prata e ouro pela sua inesgotável capacidade de superação.
(A propósito, por que a mídia não alardeia a empregada doméstica maratonista?)


"Tenha fé no nosso povo que ele resiste!"(M. Nascimento).

.
 
23 jul
Márcia Br.
Excelente tópico, Teresa. Decidi contribuir trazendo parte do comentário que fiz, anteriormente, no tópico sobre vídeos:

A esperança continua jovem e atuante. Acredito que o nosso povo amadureceu e hoje compreende as diversas necessidades da nossa sociedade. A compreensão histórica não se dá analisando somente dois lados, opostos ou não, e sim compreendendo o todo, nas suas contradições e complexidades. Avançamos muito e o caminho é longo, é preciso acreditar e reconstruir o nosso Brasil com seriedade. Somos explorados desde o descobrimento, em 1.500. É hora de união e muito trabalho.

* A versão original da música do Taiguara:

Universo no Teu corpo

http://www.youtube.com/watch?v=ySbHk6ovO3k&mode=related&search=

* A versão adaptada:

Universo do Meu Povo

http://www.youtube.com/watch?v=OnTpeKaQMQQ&mode=related&search=


Os vídeos são uma relíquia histórica, resgatando uma vertente do pensamento nos anos 70 e foram disponibilizados pela Imyra, filha do cantor.
 
24 jul
Cesar R.
Muito tocante a poesia do Taiguara.

Mas nossa realidade está mais para Fernando Pessoa:

"Nunca conheci quem tivesse levado porrada...
Todos os meus amigos são campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes vil, tantas vezes irremediavelmente parasita..."

(o resto vocês conhecem!)
 
24 jul
Silvia Vitória
Teresa,
No tópico “Vamos falar de política”, criado pelo Neto, discutimos alguns aspectos dessa questão da imaturidade do nosso povo e resolvi trazer essas idéias para cá. Espero que não se importe.

Eis o link: http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=1190640&tid=2532075538890567725&na=3&nst=21&nid=1190640-2532075538890567725-2533120622609808196

Ali, eu digo:

“A roda gira não só porque é redonda, mas porque o seu centro de massa está localizado no centro da sua forma geométrica. Isso significa que o que está em volta do seu centro de massa está equilibrado...”


Aqui, seguindo o direcionamento que você deu à idéia, eu diria:

“Pensamos que a roda gira porque ela é redonda, mas o que tem feito ela girar é nossa força para empurrá-la!”


...

Quanto à citação de Taiguara... ah! calou fundo no meu coração. Eu AMO Taiguara!!! OBRIGADA por isso!!!

Aliás, agradeço também à Márcia, pelo vídeo! BOM DEMAIS!!
 
25 jul
Teresa Monica Mavignier
Eu resisto...
.
"Por um velho e bom motivo: são milhões de seres vivos, num inferno desumano e desigual" (Taiguara)

Silvia. Sua contribuição é excelente. Concordo com você: "somos nós que empurramos a roda".

Essa vertente de atuação (e não apenas de espectadores), é uma vertente que foi referência para mim.

Na verdade, eu nem conhecia a versão madura do Taiguara.

Foi a Márcia que postou no tópico de vídeos do youtube e eu fiquei surpresa.

A princípio me provocou uma emoção enorme (que expresso lá).
E depois me fez refletir na diferença entre a visão de mundo dos dois momentos do Taiguara.

E me evocou outras referências dessa mesma vertente, como Geraldo Vandré e Sidney Miller. Esse então era um doce.

O diálogo entre a estrada e o violeiro é uma belíssima canção que vai nessa sua linha de pensamento: que somos nós que movemos a roda.

Acho que vou trazer para cá, mas dentro de uma reflexão.
Julgo muito preciosa essa vertente ideológica criada por brasileiros muito sensíveis, durante uma época em que a música era um dos poucos canais de expressão.

E mesmo assim sujeita a censura. O Taiguara foi muito censurado. Não se podia protestar aos quatro ventos como hoje. (Tinha que sofrer caladinho e engolir o choro).


"A dor da gente
É dor de menino acanhado.
Menino bezerro pisado
No curral do mundo
a sangrar.

E salta aos olhos
Igual ao gemido calado
À sombra do mal assombrado
É dor de nem poder chorar!"

(extraída da música A massa da Mandioca, dos Festivais da Canção -
Não recordo o nome do autor. Mas dessa dor eu não esqueço nunca)

.
 
25 jul
Silvia Vitória
Teresa,
O nome da música é A massa, de Raimundo Sodré e Jorge Portugal. Ela ficou em 3º lugar no Festival da MPB da TV Globo, de 1980.

A gente passou a conhecê-la como “A massa da mandioca” por conta do refrão...

Mais uma BOA lembrança!

 

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