Christina M. Herrmann  

Christina M. Herrmann é poeta, webdesigner. Carioca, vive atualmente na Alemanha. Comunidades no orkut: "Café Filosófico das Quatro", "Sociedade dos Pássaros-Poetas" ambas de entrevista e "Orkultural" em parceria com Blocos Online.
Endereço do Blog, reunindo todos os seus sites e comunidades: http://chrisherrmann.blogspot.com

 Coluna 59 - 2ª quinzena de fevereiro
próxima coluna: 8/3

TEMPO DE REFLEXÃO – “QUEM SOU EU“ – PARTE II
   
                               (Clique aqui para ler a PARTE I)

Trazemos a vocês mais highlights de uma interessante discussão desenvolvida na comunidade Café Filosófico ´Das Quatro´ , sob o título Quem sou Eu , com depoimentos de Durval Castro, Fabio Vale, Jeremias Vasconcelos, Katia Silene, Luis Henrique RF, Luis & Lisandra, Rubens Antonio, Soninha Porto, Thiago e Wolf Edler.

Boas leituras e até a próxima quinzena!

* * *

QUEM SOU EU – PARTE II

Highlights do Café Filosófico ´Das Quatro´

  28/09/07
Jeremias Vasconcelos
Luiz
"ego, super e ID
O eu é uma conexão de movimentos e desenvolvimentos racionais, morais e emocionais, bem como genético..."
Muito bem analisado, como tantos outros amigos(as) que têm colaborado para aprofundar ou aproximar-se desse mistério que é o "eu". Há como que uma imperiosa necesidade de o fazer, me parece.
Acredito, obviamente sem ter certeza de nada, nem querer de forma alguma "fechar" o tema, mas apenas também contribuir com "nova" ("não há nada de novo sob o sol..."...rsrsrs) perpectiva sobre o assunto, acredito que só nos resta, ante tal mistério, quedar-nos e, humildemente, confessarmos nossa absoluta incapacidade de penetrá-lo, o Mistério do eu, ou com ele comungar. TALVEZ, em abismos insondáveis de nosso mais profundo ser, o confessar nossa incapacidade desvele algo, muito pouco, muitíssimo pouco, e nunca para nossa mente racional, desse mistério. E, então, talvez, as suaves ondas e a delicada brisa sobre o oceano do ser, que nos une a todos e a tudo, befejadas por nossa humilde confissão, de algum modo "falem" à nossa mente consciente como um discurso sem palavras. E talvez então não mais perguntemos: "Quem sou "eu"?", não obstante muito deste mesmo eu conheçamos e nos seja pessoal e socialmente útil e necessário esse conhecimento.
 
28/09/07
Soninha Porto
Eu sou o insano e o profano, o real e o surreal, a loucura e a consciência, vivo no limiar. 
 
28/09/07
Rubens Antonio
O que é ou está "eu" ou "o eu" ou "o" "eu"... Inconclusiva a perspectiva de conciliação final, ou mesmo transitória, das visões que emergem diante dessa(s) questão(ões). Sequer consigo entender que eu conseguiria extrair das minhas visões uma única e harmônica.
Talvez porque não tenham que ser harmônicas. Talvez uma maravilha seja precisamente... ou ainda que imprecisa... seja... essa ausência de via única ou destino pontual para esta(s) questão(ões).
São pontos para responder ao "Quem sou"?.. ou para entender que a resposta é que o "Quem sou"? Tem por resposta "Quem sou?"... Sutileza intelectual apenas, colocar também interrogação dentro das aspas? Ou a resposta derradeira de "Quem sou"? passa a ser "Quem sou?"
É esta uma questão altar ou questão janela? É questão escada ou questão pradaria? Uma questão moldura ou questão apical?
Há uma hipotética "natureza" em um hipotético "eu"? "Eu"? ou "Eu?"
Leio esta sugestão... ""eu" como "uma coisa que pensa por si mesma""... Rumino essa observação... "o pensar é a premissa e condição inicial para que o eu exista."
Ah.. Armadilhas da intelectualidade... vã armadilha para quem a sente...
Sim... Quem a Sente. Porque, agora, ouvindo o "Violin Conc in D may Op35"... sua "II.Canzonetta Andante Attacca", não me desligo do sentir que em permeios me contornam e definem, enquanto aqui escrevo...
 
28/09/07
Rubens Antonio
E, neste momento, não sei mais se estas questões, a melodia, e eu mesmo, somos indivíduos ou... uma única figura... Ou somos todos, conjunto tênue ou tenaz, um único fundo de algo que não sei escrever, mas sei sentir. Ou sinto saber.
Então, neste momento, sei porque sinto ou sinto sentir. Não penso sentir. Sinto sentir.
Então, à questão colocada apõem-se a resposta na própria questão. Então, consulto Franz Schubert, que me fala “apenas” com sua voz de violino e piano. Não... Não “sou” “eu” ou “sou eu” porque cogito, mas porque sinto... e este sentir flui... Ser eu é perceber que sou esta onda heraclitiana... que expulsa, convida, leva e é conduzida, enquanto obrigatoriamente espera.e necessariamente age.
Assim.. Sem substância, porque o “eu” é etéreo... e no ser etéreo encontra sua concretude... e a de todos os eus que sou,. Em multidão prolífica ou perdida, infinda ou terminal desde o princípio.
E adejo... e ecoo... Sou porque Estou. Estou porque Sou. Sou – Estou enquanto Sinto, com ou sem consciência...
E... polimorfo e multiconteúdo... “Casamento Noturno... Gosto de Mel...”... repito... Sou – Estou enquanto Sinto...
 
28/09/07
Durval Castro
"eu" e "pessoa"
Será o "eu" uma pessoa? Terá uma "pessoa" vários "eus"?
Existe um "eu" principal, ao qual os outros, secundários, são filiados?
 
28/09/07
Thiago
O eu seria grande módulo...
Acredito que esse 'eu' do qual estamos falando seja a parte mais protegida do que cada um de nós é...e mesmo que quiséssemos contar, ou explicá-lo seria impossível, porque, sinceramente, duvido que qualquer um de nós consiga determinar seu 'eu' de forma consciente...

29/09/07
Luis & Lisandra
O "eu" é o sujeito, o suporte do ser, a coisa-em-si subtendida. Posso afirmar que nós, nosso corpo, as funções neurológicas, todo o sistema mental (racional e emocional), bem como as sensações conscientes, racionais, morais e sensíveis são os fenômenos formadores do "eu". Talvez não possamos identificar com exatidão essa essência, pois nem o homem é o eu, e sim o objeto representado deste. Freud, com base em Schopenhaeur, nos ensina que a função cerebral, durante o sono, nos mostra um mundo que concorre em iguais condições com o mundo objetivo. Talvez, considerando essas duas metades, matéria no tempo e espaço, bem como o sujeito (o "eu" indivisível), poderemos entender que o eu é essa conjuntura racional, moral e sensível, moldada pelo intelecto, e que estão engendrados no fenômeno representativo. Em suma, objeto é a representação que contém o sujeito, o "eu", tanto que se o primeiro desaparecer, o segundo também desaparece. Potanto, o intelecto, as funções cerebrais estão em função do "eu".
 
29/09/07
Fabio Vale
O "self" é parte daquilo que somos e daquilo que querem que sejamos.
 
02/11/07
Durval Castro
Programa em execução
Fazendo uma analogia com um computador, o "eu" poderia ser o programa em execução no momento, que está controlando a CPU. Por isso a pessoa pode ter vários "eus" sem se dar conta disso, uma vez que cada um dos programas não tem conhecimento dos demais.
Continuando a analogia do computador, a pessoa pode identificar um "eu" de fundo, que é capaz de perceber a mente sendo ocupada pelos pensamentos e até atuar sobre eles, rejeitando alguns e aceitando outros. Na nossa analogia, é o sistema operacional, um eu mais profundo.
 
12/11/07
Wolf Edler
O sentido do “eu”
Quando digo, meu corpo, meu cérebro ou até, minha alma, existe um “eu” que é o dono disso tudo. Quem é esse eu? Segundo as mais recentes pesquisas em neuropsicologia, pelo que tenho conhecimento, a noção do “eu”, isto é, a auto-consciência, é fornecida pelo sistema nervoso por meio de uma varredura constante que é feita em todo o organismo, não só através dos sentidos que percebem o mundo exterior, mas, principalmente, daqueles que informam sobre o estado interno do organismo. O cérebro constantemente está percebendo a localização e a atividade do esqueleto, da musculatura, das vísceras e, inclusive, a própria atividade mental. Estas informações são levadas ao córtex na zona perceptiva e isto dá a noção global de que a pessoa é ela mesma. Ao dormir (ou desmaiar) esta noção fica perdida. No despertar há uma reativação disso, mas há um tempo interessante em que a pessoa já tem as sensações visuais, auditivas, táteis e todas mais (sente que a bexiga está cheia, por exemplo) mas ainda está inconsciente de si mesma. Ao morrer, esta condição não é jamais recuperada e o “eu” deixa inteiramente de existir. Certas lesões encefálicas retiram da pessoa esta percepção da auto-consciência e ela vive como um zumbi, comendo, respirando, digerindo e mesmo ouvindo, vendo e falando sem saber quem é. Um estudo interessante sobre este tema pode ser achado nos livros “O Mistério da Consciência” e “O Erro de Descartes” do neurologista português, radicado nos Estados Unidos, António Damásio.
Vejam também:
http://en.wikipedia.org/wiki/Consciousness
http://en.wikipedia.org/wiki/Self-awareness
É interessante notar que a neuropsicologia está se aproximando cada vez mais de uma explicação natural para o “eu” que prescinde da noção de qualquer “alma” espiritual.

12/11/07
Wolf Edler
O pensamento é um processo mental, uma ocorrência circuital da estrutura do cérebro. Em seu funcionamento o sistema nervoso (especialmente o cérebro) gera a mente. A mente não é uma “coisa”, é um cérebro “em funcionamento”, como se fosse uma memória RAM onde estejam os dados e os programas (note-se, trata-se de uma analogia imperfeita - a complexidade das redes neurais de um organismo biológico é imensamente mais complexa). Os próprios registros da memória não são como um bitmap ou como um som wave, mas sim como um gráfico do CorelDraw ou um som midi, isto é, o que fica registrado são circuitos neurais formados (o sono promove a fixação de suas conexões entre os dentritos e os axônios e a própria criação de dentritos e axônios a partir do materia das células gliais). Tais circuitos, na evocação de uma lembrança, promovem a cadeia mental que leva a porção apropriada do cortex a “sentir” a presença do que estiver sendo evocado. O pensamento, além de ser uma cadeia de evocações, também processa as associações que levam ao raciocínio. E isso tudo está intimamente conectado com as emoções que são mais somatizadas provocando liberação de hormônios, palpitação cardíaca, sudorese, rubor facial e outras manifestações, até da musculatura lisa, como motilidade intestinal. A evocação de pensametos ao nível consciente pode ser por um ato volitivo ou expontânea. Há sempre, mesmo durante o sono profundo, um processamento mental que não chega ao nível consciente (seria interessante discutir neurologicamente o que seja “consciência”, mas não agora). Ao emergir para a consciência fica-se sabendo o que se pensa (ou talvez a palavra “pensar” diga respeito apenas ao processo enquanto no nível consciente - é uma questão meramente semântica). De um modo geral distingue-se “pensar” de “sentir”. Neurologicamente a questão é refere-se ao nível da camada em que o processo ocorre. Os processos instintivos estão em um nível mais profundo, os emotivos acima deles e os volitivos mais acima e os racionais na superfície. Mas tudo é imbrincado
 
12/11/07
Wolf Edler
O que me faz ser eu
O que eu quis dizer é que eu não sou apenas o conjunto dos meus átomos, mas este conjunto, estruturado de certa maneira e funcionando de certo modo. Isto faz eu ser tudo o que sou, o meu “eu”, a minha consciência, a minha personalidade, a minha memória, o meu temperamento, as minhas idiossincrasias. E tudo isto deixa de existir com a minha morte. Não há “alma” espiritual, sem o substrato material. Mesmo que “eu” não seja só a matéria de que sou feito, mas também toda a informação que ela contém na sua estruturação e dinâmica, essas coisas só existem no substrato material que as suporta. Teoricamente, toda a informação que me faz ser eu poderia ser transferida para outro substrato (uma onda eletromagnética ou uma memória de computador) e, em outro momento e lugar, ser capaz de me reconstruir completamente com todas as minhas lembranças e, até, doenças. Mas esta possibilidade teórica está muito longe de conseguir ser realizada na prática. Mas não é impossível.
 
12/11/07
Wolf Edler
A mente físico-biológica e o livre arbítrio.
Não há contradição em se considerar a emoção e a razão como algo de origem puramente neurofisiológica e nem este fato elimina o livre arbítrio (e, portanto, a responsabilidade pelas escolhas). Tudo está ligado ao caráter não determinístico profundo do comportamento físico dos sistemas, oriundo de duas características. Uma é geral, exibida por qualquer sistema, que é a incerteza quântica. Outra é decorrente da ultra-complexidade dos sistemas biológicos. Mesmo um sistema biológico super-simples (em termos biológicos), como uma bactéria, é ultra-complexo, em termos de aglomerado de partículas. Assim, até uma bactéria faz escolhas (inconscientes). A ação de uma formiga, por exemplo, a cada momento, dá-se com base num sopesar de informações colhidas por seus órgãos sensoriais, em cotejo com padrões pré-estabelecidos por seu genoma, ou adquiridos por sua experiência de vida e gravados em sua memória (sim, formigas possuem memória). Isto é válido para todos os seres vivos. Nos casos dos seres conscientes (um estágio mais elevado da sensiência), como é o homem, que, além da consciência, possui uma cultura, que lhe revela padrões aceitáveis de comportamento (ética), a decisão é cotejada com esses padrões e ele tem a liberdade (e, logo, a responsabilidade) de decidir em seguí-los ou não. Nada disso requer a consideração de que haja algo trans-natural, como uma alma espiritual, para ser concebido.
 
12/11/07
Wolf Edler
Visão reducionista do subconsciente
O inconsciente e o subconsciente, tratados na psicanálise, são níveis profundos da mente que operam de modo inconsciente, isto é, sem que sejam levados à percepção atual do “eu”. Nada impede que tais operações possam perfeitamente ser programadas em um dispositivo artificial que seria a mente de um robô. Um sistema de “flags” poderia ser estabelcido de modo a desviar o fluxo dos processos psíquicos para o nível da consciência ou não. Note que este “cérebro eletrônico” (ou positrônico, como denominado na ficção científica), para funcionar de modo análogo ao biológico, teria que possuir um processamento paralelo várias ordens de grandeza acima de um mero “dual core” ou mesmo de um sistema de processadores hoje existente, que não passa da casa de milhares. As dimensões de seus processadores teriam que ser da ordem celular (microns - o processador inteiro). Isto não é impossível dentro da computação quântica, mas ainda não existe. Todavia não é utópico. É perfeitamente viável dentro de um prazo inferior a 500 anos, no meu entendimento. Imagine o que será possível fazer num futuro medido pela ordem de centenas de milhares de anos. Em todos esses casos o conceito do que seja “sentir” permanece como sendo responder a um estímulo, mesmo que ele permaneça no nível inconsciente ou subconsciente, até ulterior elevação à consciência. Note que a noção de “percepção” permanece válida nos níveis sub e inconsciente, que podem operar todo o maquinário mental (associação, memória, raciocínio etc) exceto que essas operações (ou seus resultados) permanecem ocultos ao “eu”. Nos estágios de inconsciência (sono ou desmaio) a maior parte das funções mentais continua ativa, só a consciência não. A neurociência cada dia mais se aproxima de explicações convincentes dos processos mentais.
 
13/11/07
Katia Silene
Talvez eu seja a pessoa mais desconhecida por mim mesma...
 
08/12/07
Fabio Vale
Kátia
E isso é muito bom porque a psicanálise justamente trata do self como algo "superficial, parcial e inacabado" [Lacan]. Não temos como mensurar nossa identidade, considerando que estamos em uma contínua metamorfose. As células do corpo mudam! Toda vez que mergulho no rio não sou o mesmo, assim como a água também não é. O homem é um somatório de diversos "eus" que, ao longo do caminho, ele escolhe o qual deles lhe convém.
 
12/12/07
Durval Castro
O fantasma na máquina...
Wolf, você falou do mecanismo da auto-percepção, como nós somos capazes de figurá-lo através de instrumentos e explicações científicas. Provavelmente essa é a melhor maneira que temos de trabalhar sobre o "eu", especialmente para restaurar sua funcionalidade quando ele "trava" ou "dispara".
Voltando ao que comentei anteriormente, o eu seria o programa que controla a máquina, o aplicativo. E daí podemos entender que existe mais de um aplicativo, no entanto o aplicativo em execução julga-se o dono da máquina, julga-se único.
Mas talvez o aplicativo não tenha controle completo, a máquina não seja tudo. Talvez o eu seja "o fantasma na máquina", usando a frase de um autor de cujo nome agora não me recordo.
 
12/12/07
Rubens Antonio
O eu é alguém que mais sei. E provavelmente é o único alguém que eu não consigo efetivamente descrever. Porque minhas palavras, dos meus lábios, caneta e teclados, são o mais definitivo anti-espelho que conheço... quando apontam para mim.
 
16/12/07
Wolf Edler
Analogias
Durval. Realmente é possível fazer analogias entre a mente e um computador, desde que se tenha claro que tratam-se de analogias, e, portanto, de validade restrita a certos aspectos mas não a todos. Pensando assim, digo que a mente só funciona se houver um "hardware" que é o cérebro, seus periféricos, o sistema endócrino, os órgãos dos sentidos e o organismo inteiro. Nesse "hardware" existe uma "bios" que é, talvez o bulbo e o hipotálamo, que mantêm a vida mesmo quando se está em estado de coma. Sobre esta "bios" existe um sistema operacional, cujo "kernel" faz a ligação da máquina com os aplicativos de alto nível (raciocínio, emoções, sentimentos, volições, decisões, movimentos [tocar piano, andar, jogar tênis]). A consciência seria o "monitor". Quando ele está ligado você sabe o que o computador está fazendo, mas ele continua trabalhando mesmo com o monitor desligado. E o "eu"? O "eu" é a pessoa que opera o computador. Só que, na mente, esse "eu" é interno. Não fica fora dela. O "eu" é uma função do organismo, como a consciência. O pensamento ocorre mesmo inconsciente, mas, estando consciente (em estado de vigília) temos a percepção de que pensamos ouvindo uma "voz interna" falando conosco, tambem surgem imagens, odores e outras sensações que são percebidas internamente. Daí a importância dos sentidos, na parte cerebral de sua percepção, para a formação da consciência. E a "auto-consciência" é a consciência de si mesmo, a percepção do próprio corpo e do próprio pensamento, que é uma parte importantíssima do "eu". Mas o "eu", não é só isto. Também é a tomada de decisão a cada momento. A escolha do que fazer, do que pensar, da ação, do movimento. Esta "vontade" é uma das partes mais elevadas do "eu". Mas existem vários "eus". Enquanto eu estou fazendo algo há um "eu" supervisor de mim me observando e criticando e me dizendo para fazer ou não fazer isto ou aquilo, ou mesmo rindo de mim. E há um "eu" que observa este outro "eu", numa cadeia de "eus". E mesmo o "eu" básico, não é monolítico. Ele é plástico e moldável 

18/12/07
Fabio Vale
Rubens
O eu é alguém que MENOS sei. O anti-espelho é sempre o mesmo, porque toda vez que olho aquela figura no espelho é a mesma pessoa que vejo. O outro sabe muito mais de mim do que eu mesmo porque ele consegue ver "outros" eus. rs
por isso que eu preciso do outro... é ele quem me mostra quem realmente sou.

28/12/07
Durval Castro
Tudo é analogia!
Nossas mentes operam com representações das coisas e não com as coisas em si. A relação entre qualquer representação -- especialmente representações científicas -- e as coisas em si é sempre de analogia, ou seja, a representação tem um comportamento análogo ao da coisa em si.
Toda máquina não passa de uma analogia concreta de um mecanismo que existe em nossas mentes ou, se preferirem, um algoritmo, isto é, uma representação produtora de representações.
 
14 jan
Durval Castro
Quem opera o computador da mente?
Caro Wolf
Você colocou o "eu" como operador do computador da mente. Essa é a teoria do homúnculo! Apesar de ser um pouco perturbador, prefiro pensar que ninguém opera o computador, que não existe homúnculo.
 
14 jan
Durval Castro
O "eu" é um homúnculo?
É usual pensar no sistema nervoso como um sistema que
1) recebe todas as informações sobre o corpo e o ambiente externo
2) comanda as ações do corpo, através de seus vários atuadores, como músculos e glândulas.
No centro do sistema está o "eu", a consciência, a pessoa dotada de razão, emoção e vontade.
É como se o cérebro fosse um centro de controle e o "eu" fosse um pequeno ser humano, o "homúnculo", que observa as informações e toma as decisões. É claro que esse homúnculo não precisa ser uma pessoinha com bracinhos e perninhas, mas é mais ou menos o equivalente funcional disso.
Outra maneira de exprimir a mesma coisa é dizer que o ser humano é um robô e o eu é um homenzinho que se esconde na cabeça do robô e o comanda. Esta imagem é freqüentemente apresentada em desenhos animados...
 
19 jan
Wolf Edler
Durval
Ando lendo muito a respeito de neurociência e é possível que eu revise minha concepção sobre o eu. Comecei agora o livro "Como a Mente Funciona" de Steven Pinker. Já li os livros do Antonio Damásio "O Mistério de Consciência" e "O Erro de Descartes", bem como "Matéria e Consciência" de Paul Churchland. Minha linha é fisicalista, isto é, rejeito a noção de "alma" espiritual. Mas ainda tenho que me aprofundar no tema. Um abraço.
 
19 jan
Luiz Henrique RF
O "eu" é o sujeito, o suporte do ser, a coisa-em-si subtendida. Posso afirmar que nós, nosso corpo, as funções neurológicas, todo o sistema mental (racional e emocional), bem como as sensações consciente, racionais, morais e sensíveis são os fenômenos formadores do "eu". Talvez não possamos identificar com exatidão essa essência, pois nem o homem é o eu, e sim o objeto representado deste. Freud, com base em Schopenhaeur, nos ensina que a função cerebral, durante o sono, nos mostra um mundo que concorre em iguais condições com o mundo objetivo. Talvez, considerando essas duas metades, matéria no tempo e espaço, bem como o sujeito (o "eu" indivisível), poderemos entender que o eu é essa conjuntura racional, moral e sensível, moldada pelo intelecto, e que estão engendrados no fenômeno representativo. Em suma, objeto é a representação que contém o sujeito, o "eu", tanto que se o primeiro desaparecer, o segundo também desaparece. Potanto, o intelecto, as funções cerebrais estão em função do "eu".
 
19 jan
Durval Castro
Wolf
Estou lendo agora "Altered egos - how the brain creates the self" de Todd Feinberg. Muito interessante, ele desenvolve a idéia de emergência numa hierarquia aninhada, que é o sistema de organização mais comum nos seres vivos. Para ele o eu é o nível mais alto da hierarquia do sistema nervoso.
 
21 jan
Wolf Edler
Durval
Anotei e também vou ler. Este é um assunto que muito me interessa. O estudo de casos patológicos é interessantíssimo para se identificar o "eu". Portadores do "Mal de Alzheimer" me parecem que apresentam perda parcial da noção do "eu". Existem certas lesões que fazem a pessoa agir como um "zumbi", isto é, um organismo que excecuta funções vitais e mesmo sensoriais e motoras sem que possua um "eu". Ou o caso da criança sem cérebro. Será que o "eu" permanece no estado de coma? Já houve pessoas que ficarm muitos anos em coma e depois voltaram a si. Como se comporta o "eu" na inconsciência (sono, desmaio). É o estudo de coisas assim que levará à identificação do "eu", e não apenas a auto-introspecção e a reflexão e a especulação filosófica sobre o que pode ser. Tenho para mim que a psicologia definitivamente deixou de ser um capítulo da filosofia e passou a ser uma ciência natural, como a biologia.
 
21 jan
Durval Castro
Wolf
A filosofia precisa considerar o que a ciência revela. Quer dizer que o conhecimento sobre o cérebro deve ser considerado pelos filósofos do eu e do conhecimento.
O autor que mencionei anteriormente é um neurologista e ele usa ilustrações clínicas como você mencionou.

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