Christina M. Herrmann  

Christina M. Herrmann é poeta, webdesigner. Carioca, vive atualmente na Alemanha. Comunidades no orkut: "Café Filosófico das Quatro", "Sociedade dos Pássaros-Poetas" ambas de entrevista e "Orkultural" em parceria com Blocos Online.
Endereço do Blog, reunindo todos os seus sites e comunidades: http://chrisherrmann.blogspot.com

 Coluna 67 - 1ª quinzena de julho
(atualizações: todo dia 8 e 24 de cada mês)

SÉRIE HOMENAGENS – WILSON MAGALHÃES – Parte I/II

E S P E C I A L

Wilson Henriques Magalhães Jr. [1954/2008]

O homenageado desta vez é o Wilson (Wilsinho, como é carinhosamente chamado), meu irmão mais velho e amigo muito querido por mim, familiares e amigos que tiveram a chance de conhecê-lo mais de perto. Muito presente no Orkut, há cerca de 1 ano, mesmo estando muito doente (problemas intestinais e diabetes) ele vinha trazendo simpatia, alegria e se alimentava de esperança no portal, compartilhando muito de seu conhecimento musical em comunidades (também como moderador) e entre amigos, advindo de sua experiência como DJ nos anos 70 e 80.

Brasileiro, carioca da gema, ele nasceu no dia 18 de abril de 1954 . Desde criança Wilsinho apresentava habilidade para desenho, artesanato em geral e, principalmente, música.

Quando positivamente estimulado, ele tinha enorme facilidade para aprender o que chegasse às suas mãos (ou aos seus olhos e ouvidos). Um excelente auto-didata. Não há melhor exemplo do que o depoimento de nossos pais. Ele, com 4 anos incompletos, já conseguia ler e isso foi descoberto sem querer. Um amigo do meu pai testemunhou o meu irmão soletrando o letreiro de uma loja e avisou meu pai, que não acreditou e pensou ser apenas uma coincidência. Então tentaram mostrar um jornal e o Wilsinho soletrou as manchetes (risos). O susto foi grande, mas meus pais pesquisaram no jardim de infância e foi descoberto que ele se posicionava estrategicamente no final do recinto, de uma maneira que era possível ver e ouvir o que se passava na sala ao lado; no centro de alfabetização.

Mas ninguém melhor do que ele próprio para contar sobre suas “andanças“. Assim ele se descreveu em seu perfil:

Quem sou eu:

"Só me interessam os passos que tive de dar na vida para chegar a mim mesmo."

Hermann Hesse

...


A filosofia de um século é o bom senso do próximo
(coletado da “Sorte de Hoje” do Orkut)

...


Considero-me uma pessoa comum e que valoriza família e as boas amizades.

Vejo minhas andanças, acertos e desacertos do passado de forma positiva, pois fizeram de mim o que sou hoje.

Sempre gostei de desenho, música e artes em geral * (1).

Sou artesão desde o final dos anos 60 / início dos anos 70, época em que morei numa comunidade hippie e fazia artesanato em couro para exposição e venda, e quando fundamos a feira hippie de Ipanema, na Pça. Gal. Osório (Rio de Janeiro). Após me casar, trabalhei também com comidas típicas.

Além do artesanato, trabalhei muito nos anos 70 como DJ ("Discotecário", como se dizia então, de 1970 a 1981 ) em diversas casas noturnas brasileiras (na época, chamava-se "Boite", depois "Discotheque"), em especial, as mais movimentadas do Rio e São Paulo. Lidei, sem dúvidas, com o preconceito de muitos por ter trabalhado em locais dedicados a gls e gays. Eu, porém, nunca tive. Meu único preconceito foi e sempre será em relação à hipocrisia e a falta de caráter das pessoas * (2).

Como DJ, embora não tenha sido tão bem remunerado, fui bem-sucedido profissionalmente, além de ter tido a sorte de obter as grandes novidades da música nacional e internacional da época. Um amigo meu, comissário de bordo da Varig, me trazia sempre (embora me vendesse caro) LP´s ainda não lançados no mercado brasileiro, além de receber dos divulgadores das gravadoras discos chamados invendáveis, exclusivos para DJs de casas noturnas e de rádio. Lançávamos antes de chegar às lojas, por exemplo. A surpresa, acrescentada à qualidade das músicas, era a melhor receita para encantar o público e destacar-se da concorrência.

Hoje é bem diferente, pois sabe-se de qualquer lançamento musical em qualquer parte do mundo, visto que a comunicação é instantânea. Tudo se sabe em tempo real. Naquela época era muito diferente. Lançamentos internacionais demoravam muito pra chegar aqui (às vezes, mais de um ano a ser lançado em uma gravadora brasileira), então comprávamos discos importados com os "hits" do momento nos Estados Unidos e Europa.

Bons amigos, conhecidos DJ´s dos anos 70 (e honrosos concorrentes) foram "Monsieur Limá" (este trabalhou também em rádio e TV), Amândio (com quem aprendi muito), Ademir Lemos (que depois foi trabalhar numa gravadora), Israel, Carlos (Carlinho Maluco), José Luis, China - entre outros - enquanto Big Boy arrasava nas rádios do Rio de Janeiro e também em TV. Foi uma época revolucionária para a "Soul Music" no Brasil.

Algumas das casas noturnas que trabalhei nesse período:

NO RIO DE JANEIRO:
Kilt Club (Copacabana)
Big Hall¨s - gls (Copacabana)
Sótão - gays (Copacabana)
Pipper - gls (Copacabana)
Xodó (Barra da Tijuca)
Faces (Barra da Tijuca)
Farol da Barra (Barra da Tijuca)
Regine´s - no hotel Meridien (Leme)
Cowboy (Pça. Mauá)
Assiryus (Centro - Av. Rio Branco)

EM SÃO PAULO:
Medieval - gays

BRASÍLIA :
Kako

--

(1) – Isso a família e os amigos podem comprovar.
(2) - Adoro essa frase do Wilsinho. Tenho-a neste momento no status do meu perfil no Orkut.


***

Inúmeros depoimentos carinhosos de amigos virtuais (entre eles, muitos que conheceu também pessoalmente) foram deixados para e sobre ele em sua página de recados e nas comunidades (em especial, na Anos 70 sem Ditadura). Como não haveria espaço em nossa coluna para reproduzir todas essas homenagens, destacaremos 1 de cada moderador das 3 comunidades, das quais ele mais participou no Orkut:

 

Da Lianara, moderadora (e uma das criadores) da Anos 70 sem Ditadura:

Chris, minha querida amiga!

Sinto muito....sinto tanto, que imagino a tua tristeza!

O nosso querido Wilsinho foi um raio de sol que chegou de mansinho, lançando um filete de luz por debaixo da nossa janela * (3).

Com aquele jeito tão especial, que só ele tinha, foi iluminando tudo e escancarou a janela com sua simpatia, simplicidade e, principalmente, pelo carinho que nos dedicava, mandando seus recadinhos carinhosos sempre acompanhados de músicas maravilhosas.

Um amigo inesquecível!!

Meu abraço e meu carinho pra você e sua família, querida Chris!!!

Meu pensamento e minhas orações, pra você, querido Wilson....esteja onde estiver....saiba que deixou muitas saudades.!
Vá em PAZ!

Até um dia!.........

--

*(3) – Lia, foi a coisa mais linda que alguém escreveu sobre o meu irmão, obrigada. Chris.

 

Do Sérgio, moderador-proprietário da Back to 70 's &¨80's:

Não tive o prazer de conhecer o Wilson pessoalmente, mas costumávamos nos corresponder aqui no Orkut. Inclusive, ele era um dos moderadores da minha comunidade (BACK TO 70's & 80's).

Assim que entrou para lá, fez uma verdadeira transformação no tópico de vídeos de músicas internacionais, que eu havia criado. Graças à sua boa vontade e dedicação, o tópico ficou super interessante, repleto de vídeos maravilhosos dos anos 70 e 80!

Fiquei muito triste e chocado com a notícia de seu falecimento e deixo aqui, à toda a família, meus sinceros sentimentos. Ele era um cara muito legal e gentil, e com certeza, fará muita falta!

 

Da Márcia Beraldo, moderadora do Café Filosófico Das Quatro:

O PASSARINHO VOOU...

WILSON MAGALHÃES , um passarinho que voou em 27/06/2008, no Rio de Janeiro. Não o conheci pessoalmente, apenas trocamos vídeos. Sei que havia muita energia, alegria, uma bela história de vida e fortes emoções na sua trajetória. O fio tênue que nos une, a música, estará sempre presente. Os passarinhos repousam em silêncio. Aqui ou acolá...

Para você, meu querido amigo, alguns dos vídeos que você gostava:

http://pesquisavideos.blogspot.com/

 

* **

Em sua última mensagem para mim, menos de 24 horas de sua partida, ele assinou:

“Beijos do irmão que te terá eternamente no coração.“

Fecho a primeira parte desta coluna com um haicai de minha autoria para você, Wilsinho, deixando meu beijo e a certeza de que te terei também eternamente no meu coração e no meu pensamento.

O vento sussurra.
Som de notas poderosas.
Gospel in Concert.

Chris Herrmann

 


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