COLUNA DE VÂNIA MOREIRA DINIZ

Nº 80 - 6/2/2010
(próxima: 21/2/2010)

          

O sonho e o Carnaval

Passamos pelo Natal e Ano Novo e os brasileiros esperam o carnaval em grande expectativa. Afinal é nossa festa, cujo folclore é arrebatador e faz com que esqueçamos certos sofrimentos para vivê-lo! É verdade que hoje existe o temor da violência que o contaminam e fazem com que o medo se espalhe de forma grotesca. Que trazem uma marca de dor em meio à alegria contagiante. E começamos a pensar porque certos atos de barbarismos tomaram conta de todo uma nação, de gente tão sensível e especial! E claro que algumas nuvens pesadas, encobrem a festa popular!

Mesmo assim a trepidação domina quando essa época se aproxima e me recorda o entusiasmo das pessoas, que o ano inteiro se prepararam para exibir fantasias que brilham, tanto quanto seus corações. Abriram mão de uma qualidade de vida melhor, hábitos que lhes deleitam, para exporem como num sonho a indumentária fascinante. E isso nos faz pensar na idolatria que o carnaval significa para o país.

Uma escola de samba é constituída de pessoas de todas as classes, desde os mais ricos àqueles cujo valor aquisitivo é mínimo. E elas vivem do amor que essas pessoas dedicam à sua escola, vibrando no desfile, naquele ritmo retumbante e embriagador, esquecido de privações, tristezas ou sofrimentos e embalados no compasso espetacular.

Falo do Carnaval com liberdade, sentindo o que todos os amantes dessa festa experimentam, porque sempre fui fanática por ele.Lembro-me que quando estava começando a adolescência, brincava à tarde e voltava à noite com meus pais e amigos, totalmente dominada pela dança característica, alegria e o vigor indescritível que tomava conta da população.

Não posso deixar de confessar o fascínio que me domina na força da fantasia e do devaneio, em tudo que constitui um traço marcante em nossas vidas. E talvez não exista nada que cause tanto deslumbramento e enlevo do que o nosso brilhante carnaval. Ali é o sonho em delírio, a força das músicas, do colorido, das fantasias e parece que outro mundo se apresenta naquele barulho bem-vindo.

Mas como sempre, tenho que me abismar com o povo humilde de nosso país, que esquecendo as adversidades, a falta de emprego, a desproteção, a insegurança e ausência de horizontes são capazes de sentir a ilusão que as alegorias lhe causam, transtornando-os positivamente.

É lamentável que hoje, em meio ao arrebatamento que esse folclore nos conduz, surjam espectros, toldando a alegria mais intensa, com a qual o nosso povo se resguardava para viver, gritar, enxergar luz e expelir seus maus presságios. Mas voltamos a sonhar...

E imaginar que todos nós, ali no espaço tão colorido, nos acordes das músicas e efervescência de energias trocadas, sentindo a vida, que parece finalmente verdadeira e praticada, deixamos tudo que nos amedronta e mergulhamos no sonho oficial e legítimo do brasileiro.

Oxalá pudéssemos desfrutar dias e momentos de verdadeiro prazer e exuberância. Mesmo assim esperamos o carnaval ainda com olhos brilhantes e encantados pelo samba embalador que nos faz mexer em cadência uniforme o corpo ansioso e o espírito esperançoso.

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