COLUNA DE VÂNIA MOREIRA DINIZ

Nº 84 - 6/4/2010
(próxima: 21/4/2010)

          


O Caminho a seguir
Uma criança muito especial

      Ela está aqui. Olha para mim com seus olhos profundamente azuis. Sinto que da profundeza deles me pede socorro e auxílio. E eu daria toda a minha felicidade para atendê-la. Parece que apesar do mundo interior tão grande, quer e deseja sempre a minha companhia.
      Seus bracinhos se estendem quando chego perto e eu a coloco docemente no meu ombro apertando-a muito. Acho que nesses momentos a sensação de conforto deve ser maior e mais profunda e então Júlia dá um sorriso tão meigo e lindo, que minha garganta dói incrivelmente com o bolo que se forma nela impedindo-me até mesmo de chorar.
      Passo as mãos pelos seus bastos e louros cabelos e sento-me no chão para que ela faça o mesmo. Ela acompanha meus movimentos sorrindo enquanto sinto necessidade de deitar no chão fechando os olhos, sentir minha pele contra o frio no meu corpo quente.
       Quero me maltratar um pouco, mas ela se aproxima pedindo um beijo e tocando no meu rosto.E quando penso em colocá-la mais perto de mim, a força de seu olhar parece dar-me ânimo e forças.Sinto que há uma vida urgente em seu coração, expressa nas pupilas de seus extraordinários olhos azuis.
        Posso entender tudo que se passa naquele coraçãozinho e na mente que vai andando ao ritmo mais lento, mas não menos colorida de imagens e sensações e prevejo um caminho mais árduo e irreversível que eu desejaria tomar entre minhas mãos como se fosse algo que pudesse encher de mimos e carinhos e conseguir a plenitude.
          Julia brinca a poucos passos de mim, e aproveito para deixar que meus sentimentos tomem o rumo que eles queiram. Acho que temos esse direito. De poder adquirir forças por dentro, e é realmente assim que conseguimos mais vitalidade e recomeçamos do zero outra vez. Com vitalidade e muita esperança.
         A pequena se aproxima como reconhecendo que eu preciso de mais auxílio do que ela nesse minuto e se agachando passa os braços pelo meu pescoço. Ficamos longo tempo recebendo e transmitindo calor que se espalha por dentro e por fora. E fazendo uma reciclagem cada qual de um modo diferente, mas ambas com o intenso amor que se desprende e alimenta, fortalece, alegra e vigora a essência de todo nosso ser.
          Nesse momento não quero saber do futuro nem das repercussões e dificuldades do depois. Só quero mergulhar na felicidade de tê-la  e amá-la. Nesse exato instante não quero pensar. Nem eu, nem minha família. Queremos dar à pequena Júlia compreensão, segurança, ternura e a certeza de uma vida com o sol sempre a brilhar e uma luz intensa.O tempo dirá o que deveremos fazer, o tempo dirá. Só quero lhe dar alegria e que ela não veja tristeza ou dor além das que fatalmente enfrentará no caminho que tem a seguir.
           Mas não arrefecerei jamais em momento algum, mesmo que tudo pareça negro. Teremos que dar um jeito de clarear nem que seja  com a luz  dos nossos próprios sentimentos. A estrada parece sinuosa, mas não impossível de caminhar. E é por ela que faremos o caminho todo.


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