Solange Firmino

Professora do Ensino Fundamental e de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Médio. Escritora, pesquisadora. Estudou Cultura Greco-romana na UERJ com Junito Brandão, um dos maiores especialistas do país em Mitologia.

Mito em contexto - Coluna 81
(Próxima: 20/11/2009)


Cadmo e os Labdácidas

Agenor era bisneto de Zeus e teve vários filhos, como Europa e Cadmo, importantes personagens nos mitos gregos. Europa foi raptada por Zeus e o rei ordenou que os filhos Cadmo, Fênix e Cílix a procurassem em todo lugar e eles não poderiam voltar sem a irmã. Durante a busca, que se tornou infrutífera, os irmãos fundaram várias cidades e nelas se instalaram. Fênix se ficou na Fenícia; Cílix na Cilícia e Cadmo na Grécia.

Cadmo viajou com a mãe, Telefassa, e com ela viveu um tempo na Trácia. Após a morte da mãe, ele foi aconselhado pelo Oráculo de Delfos a parar de procurar a irmã e fundar uma cidade. Ele deveria escolher o local seguindo uma vaca até que esta caísse de cansaço. Quando encontrou a vaca com o sinal previsto, Cadmo a seguiu até a região da Beócia, onde ela parou. Quando tentou pegar água em uma fonte, teve que matar a pedrada o dragão que a guardava, pois este matou primeiro os companheiros de Cadmo.

A conselho de Atena, Cadmo semeou na terra os dentes do dragão morto. Dos dentes semeados surgiram guerreiros armados e ameaçadores. Cadmo jogou uma pedra no meio deles, o que desencadeou uma disputa após se acusarem uns aos outros. No fim da luta restaram cinco guerreiros vivos, os Spartói (os Semeados), que ajudaram Cadmo na fundação de Tebas e foram considerados ancestrais das famílias tebanas nobres.

Cadmo foi condenado pela morte do dragão, símbolo de Ares, deus da guerra. Teve que servir Ares por alguns anos, no fim dos quais Zeus concedeu-lhe a mão de Harmonia, filha de Ares e Afrodite. O reinado de Cadmo em Tebas foi longo e próspero, mas, apesar de ter trabalhado para Ares, a morte do dragão foi considerada uma grave falta, que pesaria sobre seus descendentes.

A noção de indivíduo na Grécia Antiga estava unificada com a noção do coletivo e do núcleo familiar, o génos. De acordo com isso, a culpa pelos atos cometidos não era individual. Quando um membro do génos cometia uma falta, os membros da família deveriam expiar a culpa.  Em outro momento, O Orfismo, como movimento religioso resgatou a noção de responsabilidade individual.

Diversas lendas se passaram em Tebas, e muitas contaram sobre a formação da cidade. Mas as principais histórias fazem parte do “ciclo tebano”, com o mito dos Labdácidas, descendentes de Cadmo que herdariam sua culpa. O neto de Cadmo, Lábdaco, foi pai de Laio, que, durante um período de exílio na corte de Pélops, apaixonou-se pelo filho do rei e o raptou. Desrespeitou tanto a hospitalidade sagrada, cujo protetor era Zeus, e também Hera, protetora dos amores legítimos. Mais tarde, seu filho Édipo herdaria sua culpa e mataria o pai antes de casar com a própria mãe.

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