Solange Firmino

Professora do Ensino Fundamental e de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Médio. Escritora, pesquisadora. Estudou Cultura Greco-romana na UERJ com Junito Brandão, um dos maiores especialistas do país em Mitologia.

Mito em contexto - Coluna 86
(Próxima: 20/2/2010)

As Graças

As Musas eram nove divindades, filhas de Zeus e Mnemósine (a Memória), e foram geradas para que herdassem a memória da mãe e perpetuassem as façanhas dos deuses. No mundo antigo, acreditavam que os poetas recebiam das Musas a inspiração para narrar essas façanhas. Aos poucos as Musas se tornaram inspiradoras e protetoras de toda forma de arte. Acreditavam ainda que a inspiração poética e a essência da Arte eram transmitidas aos mortais não só pelas Musas, mas também pelas Graças.

Os textos diferem quanto à origem das Graças, nome latino que designava as Cárites gregas. A lenda mais aceita de seu nascimento diz que eram filhas de Zeus e Eurínome. O nome e o número dessas divindades também variou muito segundo a época e a região. O grupo mais famoso foi o trio Aglaia, Talia e Eufrosina. Aglaia representava a claridade; Talia (nome também de uma das Musas) a que trazia flores; e Eufrosina, a alegria.

Todos os que descreveram as Graças concordaram em um ponto: elas despertavam o que havia de mais belo e alegravam o coração dos homens e a Natureza. Embora normalmente fossem interpretadas como benefícios, personificavam os encantos naturais, como a flor desabrochando e os ventos nos galhos, e também mostravam aos humanos as boas maneiras, a elegância, o encanto, a doçura e a amizade. Ou seja, sem a influência das Graças, tudo seria mais triste e “sem graça”.

Na condição de divindades do Belo, as Graças estavam associadas à Afrodite, deusa do Amor e da Beleza, e apareciam no seu cortejo, assim como figuravam no cortejo de Apolo, o deus músico. Também dançavam no Olimpo e presidiam os eventos sociais, por isso frequentemente apareciam como deusas da dança.  As Graças sugeriam que se fizesse o bem e fosse grato a quem praticasse boas ações. Entre as obras artísticas que prestigiaram as irmãs há um baixo-relevo com uma pessoa louvando-as pela cura recebida de Asclépio, deus da medicina.

Nas primeiras representações plásticas, as Graças apareciam vestidas. Normalmente estavam em círculo e sempre de mãos dadas, simbolizando o benefício mútuo que a humanidade deveria realizar. Depois houve um distanciamento da concepção primitiva e foram representadas como jovens nuas.

O célebre quadro A Primavera, de Botticelli, traz diversas figuras como Zéfiro, Flora, Cupido, Afrodite e as Graças representadas cobertas com vestidos transparentes. Outros quadros famosos representavam a leveza e encanto das Graças, principalmente no período do Renascimento, quando os artistas tornaram essas divindades símbolo da harmonia do mundo clássico.

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