Bárbara Bandeira Benevento 
Carioca,  psicóloga, solteira, 27 anos, trabalhou com deficientes visuais, é sobrinha-bisneta do poeta Manuel Bandeira.
Leia também seu blog, no endereço: <http://www.amorracional.blogger.com.br>.  Na foto, nossa colunista com Sacha.

Coluna 149

"Quando se é capaz de lutar por animais, também se é capaz de se  lutar por crianças ou idosos.
Não há bons ou maus combates, existe somente o horror ao sofrimento aplicado aos mais fracos, que não podem se defender".
Brigitte Bardot

Queridos leitores,

Segue um texto sobre os chimpanzés, espero que gostem! E nunca se esqueçam de respeitar os animais não humanos e sempre que puderem ajudem: seja adotando ou repassando o pedido, por favor, não ignorem o sofrimento de um ser tão puro e indefeso..

Abraços


Fonte: http://www.taps.org.br/Paginas/Defesa

 

Uma mensagem de Jane Goodall

Há alguns anos, no Zoológico de Detroit, um chimpanzé de nome Joe-Joe estava brigando com outro chimpanzé quando caiu num fosso cheio de água. Chimpanzés não sabem nadar. Por três vezes ele subiu à superfície, tentando respirar, e depois desapareceu. Felizmente, um visitante, Rick Swope, rapidamente pulou atrás dele. Segurando um peso morto de 62 kg pela cintura, Rick subiu o barranco com Joe-Joe.

Enquanto os seguranças gritavam para ele tomar cuidado, Rick começou a voltar para onde estavam sua esposa e três filhos assustados. De repente, ainda inconsciente, Joe-Joe começou a escorregar outra vez para a água. Rick salvou-o novamente, segurando-o na margem até que voltou a si. Rick, então, olhou à sua volta, justo a tempo de perceber que o outro chimpanzé avançava em sua direção aos gritos, cabelo em pé e dentes à mostra. Ao pular a cerca, o herói escapou por um triz de um ataque feroz.

A cena foi registrada pelo vídeo de uma visitante e, na mesma noite, passou nas televisões de todos os Estados Unidos. Um dos meus colegas viu e ligou para Rick. " Você fez uma coisa muito corajosa. Devia saber que era perigoso. Por que fez aquilo? "

" Bom", disse Rick, "olhei nos olhos dele. Foi como se olhasse nos olhos de um homem. A mensagem era: Ninguém vai me ajudar? "

Conheço bem esse olhar. Tenho visto nos olhos de chimpanzés amarrados em mercados africanos, presos atrás de grades de aço em laboratórios ou acorrentados em circos. Também vi em crianças abandonadas ou abusadas, em jovens desesperados para sobreviver à miséria das cidades ou à fome dos vilarejos. Tantos problemas, tanto sofrimento, tanto para os seres humanos como para os não humanos. Pobreza, desnutrição, doença, poluição. E a violência — na África, castigada pela guerra e nos países desenvolvidos, com as drogas, as gangues, os homicídios.

Enquanto escrevo estas linhas, na minha casa em Dar es Salaam, sinto-me abatida. Adoramos apontar culpados, quando tentamos lidar com problemas difíceis como o meio ambiente, responsabilizando a indústria, ou a ciência, ou os políticos. E não há dúvida de que a industrialização poluiu a Natureza. Mas, quem compra os produtos? Nós, você e eu, o grande público. Cada uma de nossas ações tem um impacto global.

Por isso é que cada um de nós deve fazer a sua parte, não importa onde viva — na cidade ou no campo, na África, América ou outro lugar. Na Tanzânia, espalhamos esta mensagem através da música. Quando nosso grupo de conservação visita uma vila, nosso coro feminino se apresenta. Depois o grupo mostra para os residentes como construir um viveiro para árvores frutíferas. A cada muda que plantam, eles se unem à luta do mundo inteiro.

As crianças percebem rapidamente o valor da ação individual. No mundo inteiro, quando falo para elas, vejo que estão conscientes que são parte do problema, convencidas que podem modificar as coisas e ansiosas por ajudar, exatamente como Rick Swope fez com Joe-Joe. Aí está nossa esperança — cada vez mais pessoas estão abrindo seus corações para o desespero que vêem ao seu redor e partindo para a ação. Porque é assim que podemos cumprir nosso potencial humano de compaixão. E de amor.
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Jane Goodall, como cientista, dedicou a sua vida a observar chimpanzés na selva e documentar os seus hábitos.
Hoje ela dirige o Jane Goodall Institute em Ridgefield, Connecticut, EUA (www.janegoodall.org).


Esta coluna é atualizada mensalmente, dia 19.
Próxima: 19/7/2009

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