Solange Firmino

Professora do Ensino Fundamental e de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Médio. Escritora, pesquisadora. Estudou Cultura Greco-romana na UERJ com Junito Brandão, um dos maiores especialistas do país em Mitologia.

Mito em contexto - Coluna 87
(Próxima: 5/3/2010)

Hércules e a Hidra de Lerna

Héracles, mais conhecido pelo nome romano Hércules, foi um herói que matou muitos monstros. Era filho da mortal Alcmena com Zeus. Hera, a esposa ciumenta do deus, provocou uma loucura temporária em Hércules, que matou a esposa e os filhos. Quando lúcido, o herói foi aconselhado pelo Oráculo de Delfos a servir o primo Euristeu. O rei, simpatizante de Hera, impôs perigosos trabalhos, os quais Hera fez questão de tentar atrapalhar.

A primeira tarefa de Hércules foi matar um feroz leão que devastava a região de Neméia, atacando rebanhos e seres humanos. O Leão de Neméia era filho de Équidna, monstro com corpo de mulher e cauda de serpente que vivia nas profundezas. O herói esfolou o leão e retirou sua pele invulnerável, que passou a ser sua marca registrada nos ombros. Com a cabeça do monstro fez uma espécie de capacete.

A segunda tarefa de Hércules foi matar a serpente gigante Hidra, que aterrorizava a região pantanosa e sombria de Lerna, devorando os aventureiros que tentavam atravessá-lo. Uma das lendas diz que a Hidra de Lerna fora criada pela deusa Hera para testar as habilidades de Hércules. A lenda mais comum diz que era filha de Équidna, assim como o Leão de Neméia. Com Tifão, Équidna gerou várias criaturas como Fix, Ortro, Cérbero e Quimera.

Assim como os irmãos, Hidra era monstruosa, tinha muitas cabeças e um veneno que não tinha antídoto; e se uma cabeça fosse cortada, outra nasceria em seu lugar. Para realizar esse trabalho, Hércules contou com a ajuda do companheiro Iolau. A cada cabeça que decepava, a ferida era cauterizada com fogo, assim não voltava a nascer. Depois de matar o monstro, Hércules passou suas flechas no sangue de Hidra, tornando-as armas mortais.

Conta-se que Quíron foi atingido por acidente por uma dessas flechas envenenadas de Hércules. Nem os conhecimentos de medicina do centauro conseguiram acabar com sua dor. Quíron então renunciou à imortalidade, para escapar do sofrimento através da morte. Zeus o colocou entre as constelações, onde figura como Sagitário. Para celebrar os feitos do filho, Zeus também colocou nos céus as vitórias de Hércules. Assim, seu primeiro trabalho, o Leão, ajudou a formar as Constelações do Zodíaco.

Algumas leituras esotéricas do mito de Hércules dizem que o episódio da Hidra simboliza a luta em acabar com os vícios. As cabeças indestrutíveis da serpente simbolizam os vícios que não podem ser liquidados facilmente, a não ser pela purificação. Os Doze Trabalhos de Hércules representam um longo trabalho de purificação para que ele renascesse como um novo homem. Essa jornada lhe assegurou a imortalidade, pois ele pôde subir ao Olimpo e viver eternamente entre os deuses.

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