COLUNA DE VÂNIA MOREIRA DINIZ

Nº 114 - 21/12/2011
(próxima: 6/2/2012)


          

Tesouro Interior

Ontem (22/12) foi o dia que eu fiquei à tarde na periferia da cidade, em santa Maria, com algumas crianças e adolescentes nas vésperas de natal. Levei alguns presentes, balas, bombons e todo o meu carinho. E me senti um pouco gente quando pude ver que muitos sorrisos estavam ali presentes, naqueles rostos tão jovens.
Fico imaginando a felicidade que existe naquelas crianças, por dentro de seus corações, esperando apenas algo que os estimule. Um pequeno gesto, uma palavra, um sorriso, e eles já estão prontos para corresponder ao sentimento de uma forma totalmente tocante.
Ali reunidos, vi crianças doentes e com o sorriso mais lindo nos lábios e a pequena Zuleide, paraplégica, a externar seu amor pelo mundo só porque alguém estava ali tão próxima e naquele momento senti o quanto tudo aquilo era especial para mim.
Quis falar a eles todos que naquele instante, não era eu que estava ofertando em maior grau e sim eles, maravilhosos seres humanos, que tiveram a falta de sorte de nascer na pobreza absoluta. Todos ali me davam exemplo de desprendimento, alegria, reconhecimento e confiança.
Muitas vezes vi crianças da idade deles, com toda espécie de regalias a se desesperar por tão pouco. E imaginei como o ser humano guarda extraordinárias potencialidades. Principalmente quando sentem que a vida oferece às vezes aos poucos e silenciosamente, mas acaba mostrando o poder de cada ser humano em usufruir pequenos e maravilhosos momentos especiais.
Eu sentia isso em cada jovem daqueles que brincavam ao compasso de sua música interior e externavam a felicidade de estar vivendo embora, por vezes esse caminhar fosse difícil e doloroso.
O prazer que eles me deram, as horas de convívio, carinho, ensinamento e absorção da própria felicidade eu agradecia encantada ao Papai Noel da minha infância. Parecia que naquele momento voltara a acreditar no velhinho que me proporcionara o direito de sonhar.
Naquele instante mágico em que se reuniam crianças encantadoras, ricas de sentimento, com um poderoso tesouro interior a ofertar tantas maravilhas, eu agradecia aquele dia antes dos doze anos quando visitara o morro dona Marta no Rio de Janeiro e vira o excesso de luz difusa que me aquecera. E aprendera a essência da verdadeira felicidade.
Aquelas crianças tinham mais que todos nós reunidos: a capacidade de se darem, amarem e compreenderem a limitação que a vida pode impor. Tudo que eu queria naquele momento era dizer-lhes que papai Noel jamais os esqueceria e lembrei então que nem sempre ele estaria por perto.
Mas nós estaremos juntos. Sei que eles ficarão contentes e eu muito mais. E enquanto isso sonharemos com o doce velhinho, em todos os natais da vida e com sua história mágica e fascinante.

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