COLUNA DE VÂNIA MOREIRA DINIZ

Nº 147 - 6/10/2013
(próxima: 21/10/2013)


          

Outubro

Outubro é o meu mês preferido. Eu nasci nele e sempre me senti à vontade quando o primeiro dia surgia cheio de sol e com uma luminosidade que eu vislumbrava com extrema alegria. Desde criança meu coração ficava feliz, enquanto meu pai me enchia de brinquedos diferentes e extraordinários. E deixava que eu comprasse alguns presentes e comida para que pudesse distribuir  entre crianças pobres na  rua ou no Morro Santa Marta.

Fui criada num ambiente em que sempre se valorizaram as datas. E eu me sentia esfuziante  quando outubro anunciava sua chegada. Era o sol, a vibração e minha natural espontaneidade, que se mostrava em sorrisos duradouros  e inesquecíveis. E as recordações da infância em que meu pai entrava risonho, os olhos azuis a brilharem e repleto de pacotes a me fazer vibrar.

Estava sempre contemplando e amando esse horizonte promissor em todos os aspectos. E dando um valor extremo à natureza que se apresentava brilhante e sedutora. Não pensava nem por um minuto nas tristezas impostas porque o brilho era mais forte e mais deslumbrante.

Outubro surgiu e sentindo efusões carinhosas de outros anos abracei-o com a fé anterior, procurando divisar em sua extensão a vida, a beleza e a ternura que ele me proporciona. Senti a fé  que se misturava a sentimentos de esperança e de alegria e procurei fortificar a exuberância que sempre se manifestava em  todos os meses de todos os anos da minha vida.

Fiz então uma regressão solitária, mas profunda sem a ajuda de um terapeuta, mas me reportando às técnicas que sabia. E nasci, ri, chorei, brinquei, fui feliz, amei e me magoei, passei por todos os estágios de sentimentos e sensações as mais diversas e alternadas. Eu me senti enriquecida até nos momentos que as lágrimas desciam abundantes e dolorosas. E me alegrei por pequenos fatos que tornam a vida incomum, colorida e repleta de acontecimentos que nos transtornam. Sonhei e tive pesadelos alternando os momentos em vivências contraditórias, mas igualmente profundas.

Esse não era um ano dos mais felizes. Havia na minha família tristezas e dores, consegui interiorizar-me e pedir forças para as horas difíceis que viriam para os momentos de intensa saudade ou aquelas que chamaríamos as pessoas queridas em infrutíferas tentativas de revê-las. Revi essas mesmas pessoas em anos de convívio, amor, ternura e até a inconseqüente de que sempre a teríamos a nosso lado sem o espectro da doença ou da morte.

Olho para dentro de mim mesma e apesar de tudo me encontro forte. Forte porque pude usufruir a riqueza de suas presenças e de suas vidas a entrelaçar-se com a minha desde que me entendi por gente.

E por isso bendigo outubro, mês tão querido que me faz reconhecer o quanto foi importante e extraordinariamente enriquecedor a convivência com pessoas tão especiais e me deram o privilégio de estar e aprender seus ensinamentos. A amadurecer. Saber perdoar e sorrir mesmo nos piores momentos.

Venha outubro, meu querido outubro que  me faz sentir emanações de carinho e de amor infindos, amor universal que atinge a todos num especial sentimento fraterno e duradouro. Outubro que me dá a sensação de suavidade e entende meus ideais, sonhos, e até utopias que são no decorrer de minha vida uma importante fonte de entusiasmo e estímulo.

Venha outubro e procurarei  olhar o horizonte e me perder em suas nuances de esperança, vitória e beleza inexcedível. E me restaurar na energia que me protege e na extraordinária beleza desse universo fascinante e maravilhoso.

Venha, outubro... Venha...

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