COLUNA DE VÂNIA MOREIRA DINIZ

Nº 151 - 21/12/2013
(próxima: 6/2/2014)


          

Quando desponta o fim de ano

Quando se aproxima o fim de ano e as lojas se enfeitam, enquanto crianças ricas e pobres se misturam na observação dos brinquedos, sentimos como o contraste é aterrador. Enquanto umas fazem suas manhas de criança mimada, acostumados a ver satisfeitos todos os seus desejos, as outras param, estarrecidas pelo fascínio que os brinquedos lhes causam.

Assim é a vida em suas mil facetas diferentes, no brilho das cores ou monotonia do preto e cinza, na esperança ou decepção, na fé ou descrença, na luz ou escuridão em que o tempo se manifesta e passa sem pedir licença ou dando suas razões.

Quando desponta o fim do ano, apesar do brilho, prateado, músicas e vozes nos lugares em que passamos podemos sentir as recordações mais profundas que aceleram nossos corações. Rimos e choramos com a mesma facilidade, para algumas pessoas é época de alegria e alucinação, para outras de dor e saudade.

O que é isso? O que significa essa diversificação de sentimentos e emoção na época mais linda e sedutora do nosso calendário?  E podemos chegar à conclusão de que tudo é passageiro e finito na existência.

Essa sensação de finitude talvez seja a razão da compreensão do caminhar em todos os seus aspectos. Sabemos que nascemos, crescemos, desenvolvemos e um dia morremos. É isso que a natureza nos ensina e de onde tiramos energia em cada momento de nossos passos.

Por isso a imensa diversidade de sentimentos, situações, traços, caminhos, dificuldades imensas ou facilidades cansativas. Está tudo no mesmo pacote que a vida entregou a cada um de nós individualmente quando nascemos e que devemos compreender,  incluir e aceitar para que o mundo se desenvolva com verdadeiro amor.

Quando desponta o fim do ano, lembramos com pesar quantas perdas tivemos que enfrentar, as memórias de nossas vidas e então é difícil encarar friamente essa fase em que tudo parece duplamente sentido. Ressurge o instante das reflexões, saudades, cobranças de nossas próprias esperanças e embarcamos nos sonhos exigindo de nós mesmos uma tenacidade que muitas vezes não fomos capazes de ter.

Tornamo-nos crianças outra vez, narizes colados nos vidros da janela, olhos espantados e ansiosos, esperando desesperadamente que a porta da rua se abra para que possamos correr livremente  pelas calçadas não importando o perigo dos carros e agora da violência que oprime.

Quando desponta o fim do ano, queremos é ter esperanças, sonhar intensamente, voltar a falar com pessoas que já se foram e nos trazem reminiscências, curtir  presenças especiais, encarar um mundo gentil e apaziguador, terno e suave e ouvir ainda que de longe as vozes das pessoas que nos acalmavam quando ainda éramos muito pequenos. 

Vemos então que tudo isso é impossível e contemplamos o horizonte desejando vê-lo em matizes esplendorosas prontos a absorver cada pensamento que nos ocorre como se fosse a realidade que se foi e ficou perdida no espaço silencioso. Não sei o que realmente quero nesse momento, mas pelo menos tenho a certeza que a humanidade não poderá  continuar a ser tão fria e impessoal, porque  o ser humano é feito de amor e capaz de retroceder quando sente a banalização da vida e dos sentimentos.

Nesse fim de ano o presente que peço ao Papai Noel de minha imaginação é mais compreensão, felicidade e união nessa humanidade tão rica em emoção e a mesma  confiança com que nos enternecíamos com uma palavra, um sorriso ou simplesmente com o sonho que nos pareceu evidente e verdadeiro. Precisamos sonhar, crer e acreditar.


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