Solange Firmino

Professora do Ensino Fundamental e de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Médio. Escritora, pesquisadora. Estudou Cultura Greco-romana na UERJ com Junito Brandão, um dos maiores especialistas do país em Mitologia.

Mito em contexto - Coluna 99
(Próxima: 20/9/2010)

Zeus e Calisto

Antes de vencer os Titãs, Zeus destronou o pai Crono, que já havia destronado o pai Urano.  Depois de castigar os inimigos, o novo Senhor do mítico Monte Olimpo cedeu o poder do mar ao irmão Poseidon e o mundo subterrâneo ao irmão Hades. O domínio de Zeus foi consolidado com uniões amorosas que produziram deuses e heróis,  confirmando um de seus epítetos de deus da fertilidade. Inúmeras famílias míticas, e até famílias reais, apontavam um ancestral nascido dos amores de Zeus, afinal, a origem divina também era um atributo da realeza.

O ciúme e as perseguições que a esposa Hera fazia às amantes e filhos ilegítimos do deus não impediam as aventuras, pois normalmente Zeus se metamorfoseava para se aproximar de deusas e mortais. O deus se aproximou disfarçado até diante de Hera, quando assumiu a forma de cuco e se abrigou em seu colo. Mostrou-se a Dânae como chuva de ouro e com ela teve Perseu. Uniu-se à rainha de Esparta, Leda, como um cisne e com ela teve os gêmeos Apolo e Ártemis; raptou Europa na forma de touro e a levou para Creta; sob a forma de Ártemis, amou a ninfa Calisto.

As Ninfas não eram imortais, mas eram cultuadas como divindades. Elas habitavam na natureza, em todas as suas manifestações, como grutas, árvores, lagos, bosques, montanhas. Eram sempre representadas jovens e bonitas, tiveram muitos amores e geraram filhos importantes, como Aquiles, herói da Guerra de Tróia, filho da ninfa Tétis; e Orfeu, filho de Apolo e Calíope.

As ninfas faziam parte do cortejo de vários deuses. Calisto fazia parte do cortejo de Ártemis, a deusa virgem que vivia nos bosques. Calisto devia guardar sua virgindade, mas Zeus a seduziu disfarçando-se na própria Ártemis. Depois de vê-la grávida, a deusa a transformou em ursa, ou Hera o teria feito, em outra versão do mito.

Da união com Zeus, Calisto teve o filho Arcas, que se tornou um hábil caçador. Hera um dia o incitou a perseguir uma ursa, sua própria mãe. Para não permitir a morte da mãe pelo filho, Zeus transformou Calisto na Constelação da Ursa Maior. Uma variante diz que teria transformado Arcas em um pequeno urso, arrastando ambos para o Céu, tornando-os Ursa Maior e Ursa Menor.

A Constelação é tão conhecida que muitas civilizações lhe deram significados, como  os egípcios, para quem as estrelas representavam a imortalidade, porque são visíveis durante todo o ano. O mito explica que Hera ficou indignada com a honra prestada à rival e foi visitar Tétis, pedindo que não desse acolhida a Calisto, por isso a Grande Ursa fica sempre visível. Ursa Maior e Ursa Menor movem-se em círculo no céu, mas jamais descem por trás do Oceano, como as outras estrelas.

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