Solange Firmino

Professora do Ensino Fundamental e de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Médio. Escritora, pesquisadora. Estudou Cultura Greco-romana na UERJ com Junito Brandão, um dos maiores especialistas do país em Mitologia.

Mito em contexto - Coluna 100
(Próxima: 20/10/2010)

Parabéns de Blocos à Solange Firmino pela 100ª coluna

 

Mito em Contexto número 100!

São mais de quatro anos de atualizações quinzenais com histórias de deuses, heróis e suas relações com os homens, que sempre tentaram entender os mistérios da natureza e dos seus possíveis criadores. Assim, os homens criaram os mitos, que atenuavam o medo diante do desconhecido. Durante milênios, os instrumentos de compreensão do mundo foram os deuses e os mitos, que explicavam não só os fenômenos da natureza, mas também os comportamentos humanos.

Umas das características mais marcantes da Grécia Antiga é a sua adoração aos deuses. Para eles, os gregos construíram esculturas, templos e histórias que se tornaram inesquecíveis. Os gregos influenciaram vários povos com elementos de mitologia, filosofia, arquitetura, teatro, entre outros, transmitindo valores que seguimos até hoje, em particular no Ocidente.

No século XXI ainda temos as mesmas angústias e necessidades dos antigos. A diferença é que hoje não procuramos as respostas primeiro nos mitos, agora temos a Ciência ou a Religião. A Mitologia, a Ciência e a Religião são formas de conhecimento do mundo; dependendo da situação do sujeito diante do objeto do conhecimento, ele poderá escolher o melhor instrumento. Um indígena, ao olhar as estrelas no céu, fará uma leitura diferente da leitura de um astrônomo. Cada um, a seu modo, explora e desvenda os segredos do mundo, atribuindo-lhe um sentido.

Aristóteles disse que a filosofia nasce da atitude de assombro, encanto ou surpresa do homem em relação ao mundo, o que o leva a procurar explicações que lhe deem sentido. Desde que as explicações mitológicas sobre a origem e o existir do mundo deixaram de satisfazer, a filosofia veio como fundadora do pensamento racional, que propunha o uso da razão para desvendar os mistérios. E mais uma vez os gregos deixaram suas marcas com brilhantes filósofos.

Na procura por explicações, os filósofos sempre esbarraram no “sobrenatural”, falando de algo que se encontra além do visível. Enquanto a reflexão sobre a divindade é quase inerente à Filosofia, a Ciência tentou se voltar para objetos mais específicos. Mas a Ciência tem seus limites e não responde racionalmente todas as indagações. As religiões, assim como o mito, também apresentam explicações sobrenaturais para o mundo. Para aderir a uma religião, é preciso crer nessas explicações. Elas proporcionam ao homem uma garantia de salvação, e ainda indicam maneiras de obter e conservar essa garantia com ritos e orações.

Muitas centenas de anos nos separam dos primórdios da cultura greco-romana. O Olimpo hoje é apenas uma montanha na paisagem, e não parece abrigar os deuses, mas as representações que sobreviveram podem ser vistas entre as ruínas de várias cidades ou espalhadas pelos museus. Ainda que os deuses mitológicos não sejam cultuados, os mitos vivem na literatura. Os deuses e heróis das lendas dialogam com nosso cotidiano. Trazemos sua grandeza, seus poderes e vitórias para nossas próprias vidas e lhes damos sentido.

Os mitos perderam o aspecto religioso na cultura humana atual, ganhando um caráter artístico, mas estas histórias são atemporais. A mitologia não responde aos mistérios, mas os elementos contidos nas histórias criada por nós, dão conta de explicar parte de nossos medos e desejos. Ao entrarmos nos textos e suas tentativas de explicações, percebemos como nossa história é cercada de simbolismo. Agradeço a Leila Míccolis por me deixar falar um pouco sobre esse simbolismo durante esses anos. E que venham outros textos mais!

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