Solange Firmino

Professora do Ensino Fundamental e de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Médio. Escritora, pesquisadora. Estudou Cultura Greco-romana na UERJ com Junito Brandão, um dos maiores especialistas do país em Mitologia.

Mito em contexto - Coluna 113
(Próxima: 20/10/2011)


As Queres

O conceito de Queres variou bastante no mito grego. Desde a Ilíada, as filhas da Noite já eram confundidas com a Moira, o Destino Cego, e também com as Erínias, vingadoras do sangue parental derramado. As Queres são monstros que foram representadas como Gênios alados, sempre vestidas de preto e com longas unhas aduncas. Dizem as lendas que elas despedaçavam os cadáveres e bebiam o sangue dos mortos e feridos, por isso normalmente apareciam nas cenas de batalhas e momentos de muita violência.

A função das Queres não era restrita aos campos de batalha, elas também aparecem como destinadas a cada ser humano, personificando o gênero de morte e o gênero de vida determinado a cada um. Assim, o herói Aquiles pôde escolher entre duas Queres, uma que lhe proporcionaria uma vida longa e tranquila, mas inglória; outra que lhe daria uma vida de glória, mas o preço era a morte prematura, e esta foi a que ele escolheu. Zeus pesou na balança as Queres de Aquiles e Heitor na presença dos deuses, para saber qual dos dois pereceria no combate final diante das muralhas de Troia.

Na Teogonia, Hesíodo fala de uma Quere, irmã de Tânatos e de Moro, e fala também de várias Queres, irmãs das Moiras. Como o conceito de Quere é popular e vago, pode se apresentar tanto como divindade única, como um poder imanente ao indivíduo. Na Ilíada, inclusive, uma Quere é atribuída aos aqueus e outra aos troianos, o que se conclui que a noção de Quere podia ter um valor coletivo.

Platão considerava as Queres como gênios malévolos, iguais às Harpias, que poluem tudo aquilo em que tocam. A tradição popular identificou-as com as almas maléficas dos mortos, que se devem apaziguar com sacrifícios específicos, como acontecia no último dia dos festejos dionisíacos das Antestérias.

Arquivos anteriores:
01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 101, 102, 103, 104, 105, 106, 107, 108, 109, 110, 111, 112

« Voltar