Solange Firmino

Professora do Ensino Fundamental e de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Médio. Escritora, pesquisadora. Estudou Cultura Greco-romana na UERJ com Junito Brandão, um dos maiores especialistas do país em Mitologia.

Mito em contexto - Coluna 115
(Próxima: 20/12/2011)

Os Sátiros

As atividades agrícolas na Grécia Antiga eram desenvolvidas principalmente nas encostas de planícies e montanhas. Para chegar a muitos desses locais era preciso percorrer bosques, florestas e outros caminhos perigosos; por isso era importante cultivar a terra e cuidar dos animais procurando obter a proteção dos deuses. Dois deuses celebrados como divindades agrícolas são Deméter e Dioniso. Além deles, algumas divindades secundárias foram cultuadas por camponeses, pois elas moravam nos bosques e atendiam mais facilmente quando solicitadas.

Os semideuses agrestes eram temidos e cultuados, mas não havia festas ou templos só para eles, geralmente eram oferecidos animais e produtos da terra em sua homenagem. Entre eles estavam os Egipãs, os Silenos e os Sátiros, muito representados nas artes plásticas, principalmente nas pinturas renascentista e barroca. A princípio os Sátiros eram retratados como humanos com cauda e orelhas de cavalo. A representação clássica apareceu no século V a.C., quando figuravam com orelhas, cornos e parte posterior do corpo de bode, mas com troncos, braços e rosto de homem. Uma famosa tela de Rubens (século XVI) mostra Sileno rodeado de Sátiros, Ninfas e uvas sobre ele. A arte normalmente mostra os Sátiros dançando, tocando instrumentos e perseguindo Ninfas.

O bode era o animal que se sacrificava a Dioniso, o deus que foi criado por Ninfas e Sátiros no monte Nisa, após ser transformado em bode por Zeus. O adolescente Dioniso colheu uvas, espremeu em taças e bebeu o novo néctar conhecido depois com o vinho. Bebendo-o várias vezes, Dioniso, os Sátiros e as Ninfas dançaram ao som dos címbalos até a embriaguez. Assim, os Sátiros adoravam vinho e festas e participavam do alegre cortejo de Dioniso.

A antiga religião grega acreditava que o contato entre humanos e deuses se realizava através de sacrifícios e festas. Todo ano era celebrada a festa do vinho, quando os participantes se embriagavam relembrando os companheiros de Dioniso. As cerimônias em homenagem ao deus eram procissões com danças, cantos e participantes que se vestiam com máscaras ou se disfarçavam de animais. Nas Dionísias Urbanas, por exemplo, além das danças mímicas e rituais, havia um Coro de homens disfarçados de Sátiros, cujo corifeu reproduzia alguma aventura de Dioniso.

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