Solange Firmino

Professora do Ensino Fundamental e de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Médio. Escritora, pesquisadora. Estudou Cultura Greco-romana na UERJ com Junito Brandão, um dos maiores especialistas do país em Mitologia.

Mito em contexto - Coluna 118
(Próxima: 20/4/2012)

O Cavalo de Troia, presente de grego

Após a morte de Aquiles, os gregos recorreram à astúcia na tentativa de capturar Troia, que aguentou o cerco por dez anos. Fazer um Cavalo de madeira que adentrasse a cidade foi ideia de Ulisses. Ao ficar pronto, os corajosos heróis gregos entraram nele, incluindo o próprio Ulisses e Neoptólemo, filho de Aquiles. Os outros queimaram as cabanas e partiram em seus barcos até a ilha de Tênedo, onde aportaram e esperaram. Os troianos, achando que os gregos se retiraram, ficaram maravilhados quando avistaram o Cavalo.

Sínon, um espião grego, contou aos troianos que os gregos planejavam sacrificá-lo para conseguir ventos favoráveis para a travessia, mas conseguiu escapar. Disse ainda que os gregos, acreditando que Atena estava contra eles, decidiram velejar de volta a fim de conseguir novamente as graças divinas e construíram o Cavalo para agradar a deusa. E o fizeram bem grande para que os troianos não o levassem para dentro das muralhas, pois um oráculo previra que, se os troianos se apoderassem dele, os gregos perderiam a guerra. E mais, se o Cavalo entrasse na cidade, ela nunca seria tomada; se ficasse de fora, os gregos voltariam e arrasariam até os alicerces.

Alguns troianos desconfiaram do "presente de grego" e relutaram em acolhê-lo, como a profetisa Cassandra, filha de Príamo, que já estava destinada a nunca darem crédito as suas profecias. Outro desconfiado foi Laocoonte, o sacerdote que jogou sua lança contra os flancos do Cavalo. Enquanto preparava um sacrifício, Laocoonte se transformou em vítima: duas grandes serpentes saíram do mar e o estrangularam junto com os dois filhos. O fato foi interpretado pelos troianos como um castigo por ele ter se lançado contra o cavalo. Com este augúrio, os troianos moveram o grande Cavalo recheado de gregos armados para dentro das muralhas da cidade.

Helena se aproximou do Cavalo e andou a sua volta chamando os nomes dos gregos, imitando a voz da esposa de cada herói. Mesmo tentados a responder, Ulisses conteve suas vozes. Somente ao cair da noite os soldados saíram de dentro do Cavalo. E eles abriram os portões da cidade para o restante da frota grega. Os troianos acordaram e viram a cidade em chamas. Os homens lutaram ao verem as mulheres e filhos sendo mortos ou aprisionados. O rei de Troia, Príamo, foi assassinado por Neoptólemo, filho de Aquiles, o herói que matou seu filho Heitor. A rainha Hécuba e a filha Cassandra foram levadas como prisioneiras para a Grécia.

Entre os que escaparam estava Eneias, filho da deusa Afrodite e Anquises. Afrodite o teria alertado a abandonar a cidade com o filho Ascânio e o velho pai. Eneias estava destinado a alcançar a Itália para fundar um 'Troia' maior, que seria a precursora de Roma. Os caminhos de retorno de alguns heróis na volta para casa foram relatados em histórias como a Odisseia, que narra o retorno de Ulisses a Ítaca.

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