Coluna de Rogel Samuel 
Rogel Samuel é Doutor em Letras e Professor aposentado da Pós-Graduação da UFRJ. poeta, romancista, cronista, webjornalista.
Site pessoal: http://literaturarogelsamuel.blogspot.com/

Nº 177 - 2ª quinzena de maio de 2010
(atualização quinzenal, dias 10 e 25)
Próxima: 10/6/2010


Por que a didática geral?

Depois de aposentado – esta palavra soa sempre muito estranha – pude fazer uma longa e calma reflexão sobre minha vida como professor auxiliar de ensino de didática geral na Faculdade de Educação da UFRJ, na década de 60.

Reli as anotações, revi os primeiros planos de aula. Lembrei-me das lições dos meus grandes mestres: Anísio Teixeira, o professor de Filosofia da Educação (recebia palmas no fim da aula); Luiz Alves de Mattos, nosso catedrático, mente clara, precisa, organizado; e de tantos outros, de outras matérias, como Alceu amoroso Lima, Celso Cunha, Matoso Câmara.

O que vi é que ainda está aberta, para mim, a questão do ensinar, do saber ensinar. Não apenas do saber como do fazer, as técnicas, as questões, os objetivos.

Que lições daqueles grandes mestres ainda permanecem vivas?

Não sei, nem posso responder.

Uma questão global. Atual.

O magistério agora dispõe de novas tecnologias, como o computador, a Internet. Naquele tempo nem com a TV se podia contar.

E porque ensinar e aprender? Para quê, para quem? Como fazer? Até que ponto as questões do professor em sala de aula se podem genericamente responder? Como ajudar a um jovem professor/a iniciante a começar o seu magistério?

Isto é a Didática Geral.

Que significa isso, essa ciência, ou essa arte, ou essa técnica?

Partimos do postulado de que é preciso aprender a fazer, ou o professor vai aprendendo com o tempo, mas com seus erros. Ou se acostuma a errar, e não mais aprende. Os erros da sala de aula infernizam a vida dos mestres, põem mestre e aluno em luta um contra o outro. Os professores se estressam, mudam de profissão, ou morrem. Ouvimos muito isso: professores que dizem que “hoje” é impossível trabalhar.

Mas é possível aprender a oferecer uma aula para jovens e irrequietos alunos da periferia?

O pior problema, além da baixa remuneração, é a relação numérica professor/aluno. Um professor com centenas de alunos não pode dar certo.

Porém a Didática Geral ensina a não cometer certos erros capitais e oferece algumas normas para evitar os erros triviais.

O magistério é uma das profissões mais difíceis e mais necessárias. A remuneração precária, o número excessivo de alunos em sala de aula, a violência da sociedade transferindo-se para o ambiente letivo, são só alguns dos problemas.

O magistério é, entretanto, uma arte, uma arte fina, extraordinária. E se pode aprender a fazer.

Nada substitui a viva voz do professor, o diálogo com ele, sua presença.

Ensinar a ensinar, eis o que faz a Didática Geral.

Mas “sábio não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”, escreveu Guimarães Rosa.

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