Coluna de Rogel Samuel 
Rogel Samuel é Doutor em Letras e Professor aposentado da Pós-Graduação da UFRJ. poeta, romancista, cronista, webjornalista.
Site pessoal: http://literaturarogelsamuel.blogspot.com/

Nº 178 - 1ª quinzena de junho de 2010
(atualização quinzenal, dias 10 e 25)
Próxima: 25/6/2010

Ensinar e aprender

Cabe ao professor fazer eclodir no aluno o mistério do aprender ou parte do educando o início desse processo? Que é aprender? Se não quiser o aluno não aprende. Temos primeiramente de motivar o aluno a aprender.

Ora, aprender é tornar-se maior do que o fato apreendido. Além disso, é incorporá-lo, fazê-lo seu, parte de sua consciência, de seu ser.

Disse Alceu Amoroso Lima em sala de aula: “cultura é aquilo que esquecemos, mas é incorporado à nossa consciência”. Ele falava da “cultura” brasileira, mas podemos dizer que reside aí o fato do aprender: aquilo que, por mais que o “esqueçamos”, não poderemos esquecer jamais, pois já está incorporado ao nosso sistema, àquilo que nós somos e nos é. É uma “linguagem”, nos toma, somos e usamos.

Ou não? Será que, como nos antigos, o papel (e uso esta palavra com cuidado) do professor é fazer os alunos lembrarem-se do que já sabiam?

Não, não vou aprofundar essas complexas questões, pois meu objetivo aqui é ser simples e prático.

Ou seja: não precisamos saber o que é aprender, mas como isto é possível.

Aprender é liberdade, é libertar-se de uma incapacidade, de um problema, de uma obscuridade.

Quando aprendemos perdemos o medo daquilo de que não sabíamos, do desconhecido, da desconhecida ameaça. Há uma doença? Quando aprendemos como tratá-la logo deixamos de temê-la. Há uma crise? Quando compreendemos como e por que ela rebentou logo já começamos a saber como interagir com ela.

Quando fazemos alguma pergunta, quando colocamos alguma questão, é porque o processo profundo da resposta já está em andamento.

Quando perguntamos, já sabemos.

O professor ideal, se existe, seria aquele que ajudasse os seus alunos a libertarem-se de si mesmos, a serem livres de seus problemas internos.

Mas isso é outra história, porque que o “sistema” sempre nos impôs que preparássemos os jovens para a obediência, a ordem, o progresso.

Jovens livres são perigosos.

Mas não agressivos, violentos.

A minha geração, por exemplo, vivia de “paz e amor”. Jovens “rebeldes” não estão livres, estão presos à rebeldia de sua violência e maldade, ao calor de suas agressividades.

Quem é livre não agride ninguém.

Quem é livre é feliz.

Assim, a formação do professor é algo complexo, muito complexo.

Não me interprete erradamente. A educação é uma revolução.

Se tivermos toda uma geração de bons professores, bem preparados e bem remunerados, teremos uma nova era, um país diferente.

É o que faz o bom professor: ele muda o futuro.

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