JOSÉ NÊUMANNE
Jornalista, editorialista do Jornal da Tarde, comentarista da Rádio Jovem Pan e do SBT, poeta e escritor com diversos livros publicados, entre eles: Solos do silêncio – poesia reunida  e O silêncio do delator, agraciado com o Prêmio "Senador José Ermírio de Moraes", da ABL. Leia novo texto de Ronaldo Cagiano na fortuna crítica do autor e conheça a poesia do colunista, cujo CD agora tem opção de download. Site: http://www.neumanne.com

Colunas de 8/11
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As ordens inúteis do comandante Jobin

Diante da notícia da queda do Learjet 35 da Reali Táxi Aéreo, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, tomou a providência que era capaz de tomar: mandou o diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Allemander Pereira Filho intensificar a fiscalização da aviação geral, que abrange jatos particulares, táxis aéreos e helicópteros. Comportou-se como de hábito: disparou ordens para onde o nariz apontou querendo dar a impressão de que, ao contrário do antecessor, o inerte Waldir Pires, decide. Não importa que decisões toma, mas está sempre disposto a decidir. Para o bem ou para o mal, dá ordens. Mesmo que elas sejam inócuas, inúteis e ninguém seja obrigado a cumpri-las.

Dias antes de caírem três helicópteros e da tragédia do jatinho na Casa Verde, com 12 mortos ao todo, Jobim já havia tomado uma decisão importante: porá fim à crise aérea em maio de 2008. Sim, é isso aí: depois das festas de fim de ano e do carnaval, com os aeroportos na santa paz da entressafra, o ministro decretou que neles não haverá congestionamento. Não se trata de um plano do governo, de um projeto do ministério, mas de um capricho pessoal. O fim da crise em maio é como a ordem para a Anac verificar se as regras na aviação geral são cumpridas ou se será preciso adotar normas mais rígidas. Terão o efeito de uma estratégia traçada pelo treinador campeão Muricy Ramalho para melhorar a defesa do Corinthians, treinado por seu antigo companheiro de time Nelsinho Batista e ameaçado de cair para a segunda divisão. A Anac deve tanta obediência a Jobim quanto a Força Aérea dos Estados Unidos.

Mesmo com a morte anunciada (para daqui a sete  meses), o Caos Aéreo Nacional continua em  atividade: aeroportos cheios, vôos cancelados, passageiros agredindo funcionários das empresas aéreas e estas violando regras que, em tese, teriam de seguir. Enquanto isso, o ministro da Defesa dá ordens a quem não é obrigado a cumpri-las. As bruxas, que não lhe devem obediência, insistem em derrubar helicópteros e jatinhos, semeando tragédias, como as da véspera do feriado e do domingo posterior. Seria cruel dizer que o ministro é pé frio. Mas será sensato apelar para que, pelo menos em respeito aos mortos de mais essas tragédias, nossas autoridades parem de fazer piadas de mau gosto — como o anúncio do fim da crise em maio e o conselho do presidente da Infraero para os passageiros não voarem nos dias de muito movimento.

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