Coluna de Rogel Samuel 
Rogel Samuel é Doutor em Letras e Professor aposentado da Pós-Graduação da UFRJ. poeta, romancista, cronista, webjornalista.
Site pessoal: http://literaturarogelsamuel.blogspot.com/

Nº 221 - 1ª quinzena de agosto de 2012
(atualização quinzenal, dias 10 e 25)

“LA GIOCONDA” NA INAUGURAÇÃO DO TEATRO AMAZONAS

“La Gioconda”, que inaugurou o Teatro Amazonas, é um dramalhão no estilo de Victor Hugo, seu libreto é inspirado num conto de Hugo, o “Angelo, tirano de Padoue”, mas o enredo é confuso e complexo. E longo. O cenário está em Veneza do Século XVII.

Logo na Introdução há um grande baile comemorativo à vitória de um nobre na corrida de barcos. Todos dançam e bebem, uma população inteira. Muitos atores. É o exemplo da Grande Ópera italiana. Com vários papéis principais, um para cada voz.

Há uma verdadeira população no palco e um corpo de baile. Ópera caríssima.

A inauguração do teatro não foi simples.

A inauguração do TA foi ameaçada pela boataria dos inimigos do Governador Fileto Pires Ferreira, que espalharam a mentira de que a estrutura do teatro era perigosa e que o prédio estava prestes a desabar.

Mas até hoje está de pé.

O povo se retraiu. Houve medo. O Governo teve de reduzir o preço dos ingressos para conseguir lotar o teatro.

Houve uma estranha “frieza” na população, que antes brigava na disputa de cadeiras do Éden Teatro, agora se recusava a ir ao novo teatro.

Mas, apesar de tudo, a inauguração do teatro foi um sucesso de público.

Não consegui ler nenhuma crítica teatral da época que me descrevesse a estreia.

Com os dados de que dispus, descrevi a inauguração, no meu romance Teatro Amazonas.

A ópera de Amilcare Ponchielli fica mais interessante do meio para o fim.

O balé introduzido no espetáculo – a dança das horas – ganhou muita popularidade até hoje.

Assiste-se ali a luta do dia contra a noite.

O único “problema” de “La Gioconda” é sua duração.

Ela é muito longa.

O que não era problema para a classe dominante europeia daquela época, que não trabalhava e ia ao teatro para exibir-se e encontrar os amigos nos longos intervalos.

Ninguém ia à ópera somente para assistir a um espetáculo, mas para cumprir um ritual da alta sociedade mundana, exibir seus novos vestidos, usar suas joias, bisbilhotar as cortesãs da moda, fofocar nos ouvidos das amigas e inimigas, e espalhar boatos maliciosos.

Em “Guerra e paz” de Tolstói fica isso muito bem descrito.

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