Coluna de Rogel Samuel 
Rogel Samuel é Doutor em Letras e Professor aposentado da Pós-Graduação da UFRJ. poeta, romancista, cronista, webjornalista.
Blog pessoal: http://literaturarogelsamuel.blogspot.com/

Nº 275 - 1ª quinzena de março de 2015
(atualização quinzenal, dias 10 e 25)

A PANTERA

16.

Mas logo voltamos para o Rio, peguei dinheiro, e de lá para Manaus, onde comprei uma pequena lancha e partimos para o alto Rio Negro até aquele lago onde morei e onde conheci Jara.

A pantera estava esperando, na margem.

Ao ver-nos, pulou do seu ganho e desapareceu na floresta.

A casa em ruínas.

Por isso, resolvemos morar na lancha que, apesar de apertada, nos oferecia melhor proteção.

Ali havia duas camas, pequena cozinha, um banheiro, janelas teladas.

À noite se ouviam estranhos ruídos, cânticos da floresta, a Mãe da Lua, ou urutau, canto sinistro como a morte; o uivo do rasga-mortalha, ou suinara.

Um dia, em pleno dia, ouvimos um longínquo berro, que Jara disse: – É matintaperera...

Mesmo não acreditando no monstro peludo de um olho só, aquilo me deu um arrepio e eu logo me armei com uma espingarda.

Jara riu e disse:

– Não se preocupe, está passando pelo outro lado do rio...

Eu não gostei.

Fiquei apreensivo.

Aquela mata agora me parecia estranha, inóspita. Vieram alguns guerreiros, dias depois, a procura de Jara, que tratou com eles não sei o quê e depois os mandou retornar. Não me olharam.

Os animais noturnos nos ameaçam. Eu não consiguia dormir. Jara não falava, companhia silenciosa.

Assim voltamos para o Rio de Janeiro, juntos...

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