Coluna de Rogel Samuel 
Rogel Samuel é Doutor em Letras e Professor aposentado da Pós-Graduação da UFRJ. poeta, romancista, cronista, webjornalista.
Blog pessoal: http://literaturarogelsamuel.blogspot.com/

Nº 287 - 2ª quinzena de outubro de 2015
(atualização quinzenal, dias 10 e 25)

A PANTERA

29.

Asami era javanesa, modelo de moda, exótica, andrógina, alta, misteriosa. Amante de um banqueiro, que lhe dera um apartamento de presente. Asami um luxo, deusa oriental.

Asami tinha brilho, carisma, porte. Não fosse o amante, faria carreira de sucesso. O amante a prendia. Mesmo assim já tinha estado na capa de duas revistas de moda, sua foto podia ser vista nas óticas do mundo inteiro, mesmo no Brasil, de óculos escuros, vestida de homem, olhando para baixo.

Eu a conheci na Maison Riviere, onde eu trabalhava. Nossos olhares se encontraram. Foi imediato. Sem dizer palavra, saímos dali para o hotel, onde nos amamos com som e fúria, e depois ela se foi, voltou para a casa do amante, era escrava dele, de seu poder, de seu dinheiro, da sua força.

Seu amante era um idoso muito rico, e Asami o amava. Ele era casado, tinha filhos e netos. Algumas horas ficava com ela, mas sempre voltava para a casa da família. Ele viajava frequentemente, Asami ficava só, quando trabalhava, posando, desfilando, vivendo a sua vida de modelo. Josef não a impedia totalmente, e a impôs numa agência de publicidade.

Asami foi minha amada impossível. Josef, o amante, a perseguia para saber aonde ela ia, com quem saía.

Até que desistimos, principalmente porque a negra Bahati voltou. Voltou e se foi.

Mas conheci Narayani, uma indiana. Ela era muito magra e nosso relacionamento foi muito bom. E rápido.

Eu continuava a estudar na “Ecole”.

“Existem faculdades de modas – diz um antigo estilista – universidade de moda, mas com absoluta certeza os grandes profissionais saem de casas de tecidos, onde o contato constante com a matéria prima é primordial, e em geral, aprendemos a modelar, fazer moulage, conhecer textura de tecidos, costurar, fazer flores, bordar, trabalhar com acabamentos e o principal desenhar, ilustrar, criar por anos a fio. Isso devemos as melhores e algumas extintas casa de tecidos, somos uma turma enorme de estilistas invisíveis, mas queridos por mulheres de opinião, de extremo bom gosto, confiantes em nós... Alguns alçaram voos e estão fazendo a sua arte com muita maestria... Essa é minha homenagem a todos os estilistas de lojas comerciais, e aos patrões que apostaram em suas qualidades profissionais”.

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